Agência Estado
postado em 06/12/2019 07:48
O enviado especial dos Estados Unidos ao Irã, Brian Hook, levantou a suspeita, nesta quinta-feira, 5, de que Teerã "possa ter matado mais de mil pessoas" desde o início dos protestos neste país, enquanto outros milhares teriam ficado feridos, ou estariam presos.
"Parece que o regime pode ter matado mais de mil cidadãos iranianos desde o início dos protestos", disse Hook. "Não podemos ter certeza, porque o regime bloqueia as informações, mas sabemos que vários milhares de iranianos foram feridos, e pelo menos sete mil manifestantes, detidos."
Os protestos explodiram em 15 de novembro no Irã, depois que o governo elevou abruptamente os preços do combustível. O país se encontra sob uma série de sanções impostas pelos Estados Unidos.
Para Hook, a resposta repressiva do regime demonstrou que o Irã está perdendo apoio, mesmo de sua base tradicional da classe trabalhadora. "Esta é a pior crise política que o regime já teve de enfrentar em seus 40 anos", disse Hook.
O enviado americano insistiu em que o número de mortos é muito maior do que os 208 estimados pela ONG Anistia Internacional. Ao mesmo tempo, lembrou das dificuldades para se verificar esta informação.
Hook relatou que os EUA receberam fotos e vídeos de cerca de 32 mil pessoas, material usado, junto com relatórios de grupos externos, para fazer essa estimativa.
O Irã classificou o alto número de mortos divulgados por fontes estrangeiras como "mentiras absolutas". Até o momento, a República Islâmica confirmou apenas cinco vítimas: quatro membros das forças de segurança assassinados por "agitadores" e um civil.
O número de mortos apresentado pelos Estados Unidos é muito maior que a estimativa feita pela Anistia Internacional, que fala em 208, mas admite que tem dificuldades para verificar a informação.
O presidente americano, Donald Trump, denunciou nesta quinta-feira a repressão "brutal" dos manifestantes, deplorando a multiplicação das detenções nos protestos. "É horrível", declarou Trump em reunião na Casa Branca, na presença de diplomatas da ONU. "Estão matando muita gente e detendo milhares de seus próprios cidadãos em uma repressão brutal".
Hook ainda disse que o fato de um navio de guerra da Marinha americana ter apreendido peças de mísseis avançados - que se acredita estarem ligadas ao Irã - de um barco que deteve no Mar Arábico, no dia 25 de novembro, provavelmente é uma prova adicional dos esforços do Irã para inflamar conflitos na região.
"Interditamos uma horda significativa de armas e peças de mísseis evidentemente de origem iraniana. A apreensão inclui armas sofisticadas", disse, acrescentando que a embarcação supostamente seguia para o Iêmen para entregar as armas.
"Os componentes de armas constituem as armas mais sofisticadas apreendidas pela Marinha dos EUA até hoje durante o conflito do Iêmen", finalizou Hook. (Com agências internacionais).