Agência France-Presse
postado em 06/12/2019 12:17
[FOTO1]A uma semana das eleições, o premiê britânico, Boris Johnson, recebeu várias críticas nesta sexta-feira (6/12). Um dos principais entrevistadores sobre política do país o acusou de se esquivar, e o líder da oposição afirmou que ele "engana deliberadamente" os britânicos sobre o Brexit.
As críticas surgiram horas antes do segundo e último debate entre o primeiro-ministro e o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, antes das eleições legislativas do dia 12.
Nas últimas semanas, líderes de outros quatro partidos se submeteram às incômodas perguntas do jornalista da rede BBC Andrew Neil, mas o conservador se recusou a comparecer.
"A cada eleição", os principais candidatos aceitaram o convite, afirmou o entrevistador. "Todos eles. Até agora", lamentou, diante do público.
Neil disse ter convidado Johnson para falar sobre "confiança", já que seus críticos sempre acusam-no de mentir.
Nesta sexta, em um ato em Londres, Corbyn afirmou que o premiê omite as consequências econômicas reais de seu acordo do Brexit com a União Europeia. O trabalhista garantiu ter provas de que Johnson "engana o povo deliberadamente".
[SAIBAMAIS]Corbyn distribuiu um documento de 15 páginas, com o logo do Ministério das Finanças e as menções "oficial" e "confidencial". Segundo ele, isso prova que haveria trâmites aduaneiros e controles de segurança entre a ilha da Grã-Bretanha e a província britânica da Irlanda do Norte.
Este informe confidencial "desmonta as mentiras que Boris Johnson tenta propagar", afirmou.
O trabalhista então lançou à população: "Perguntem-se: se esconderam este relatório, o que mais estão escondendo? Como vão enganar vocês?".
Em um evento eleitoral em Kent, no sudeste da Inglaterra, Johnson chamou as acusações do trabalhista de "completa bobagem".
"Este documento vazado é uma avaliação rápida, não uma análise detalhada do acordo, e faltam pontos-chave", declarou seu partido, em um comunicado.
Em relação ao programa de televisão de Neil, Johnson afirmou: muita "gente diria que sou o único primeiro-ministro que fez não um, mas dois debates cara a cara esta noite, e deu 118 entrevistas".
"Não podemos acomodar todo mundo", desconversou.
O premiê atacou Corbyn por prometer que, se chegar ao poder, negociará um novo acordo com Bruxelas e o sujeitará a um plebiscito. Muito criticado por sua ambiguidade sobre o Brexit, o trabalhista - há anos um crítico em relação à UE - disse que se manteria "neutro" na consulta.
Em um fato incomum, dois ex-primeiros-ministros de lados políticos opostos - o trabalhista Tony Blair (1997-2007) e o conservador John Major (1990-1997) - participavam nesta sexta da campanha por um novo referendo sobre o Brexit, com a esperança de que o país permaneça na UE.