Agência France-Presse
postado em 10/12/2019 11:45
[FOTO1]Os argelinos, que protestam contra seus líderes há nove meses, votam na quinta-feira (12/12) em eleições presidenciais que não desejam, pois são vistas como meios utilizados pelo regime para permanecer no poder.
Embora nenhuma pesquisa tenha sido publicada, os observadores esperam uma abstenção em massa em um país onde já era cronicamente alta.
O protesto popular não perdeu força e a votação é anunciada como um "fiasco total" em termos de participação, diz a historiadora Karima Dir;che.
As seções de votação no exterior, abertas desde sábado (7/12), estão quase vazias.
Desde 22 de fevereiro, o regime é desafiado por um movimento popular, o "Hirak". Tendo obtido em abril a renúncia de Abdelaziz Buteflika, chefe de Estado por 20 anos, o "Hirak" agora exige o desmantelamento de todo o "sistema político", no poder desde a independência em 1962.
Pilar do regime, o alto comando do exército assumiu abertamente o poder desde a renúncia de Buteflika e está determinado a escolher rapidamente um sucessor para deixar para trás a crise político-institucional em que o país está mergulhado.
Seguiu os caminhos da "transição" proposta pela oposição e pela sociedade civil para reformar o regime, em particular a Constituição, que serviu para legitimar o poder de Abdelaziz Buteflika.
[SAIBAMAIS]Na ausência de candidatos, uma eleição presidencial inicialmente prevista para 4 de julho teve que ser anulada e, desde então, a Argélia é liderada por um presidente interino ausente, Abdelkader Bensalah, cujo mandato legal terminou há cinco meses, e um governo nomeado por Buteflika, dois dias antes de sua demissão, para dirigir os assuntos atuais sob as ordens de seu fiel aliado Nuredine Bedui.
Os argelinos participaram na sexta-feira (13/12) de um protesto para demonstrar sua rejeição a essa eleição presidencial.
- Os candidatos-
Os cinco candidatos (Abdelaziz Belaid, Ali Benflis, Abdelkader Bengrina, Azzedine Mihubi e Abdelmajid Tebbune) viveram uma campanha eleitoral que terminou no domingo à meia-noite, agitada e muito complicada, sob um clima de crescente repressão.
Todos eles são considerados "filhos do sistema" por causa de seu papel durante a presidência de Buteflika - dois eram seus primeiros-ministros e outros dois ministros - mas são criticados, acima de tudo, por servirem de vínculo com o regime, concorrendo a eleições.
Após 20 anos de fraude sob a presidência de Buteflika, as alegações de "transparência" e "sinceridade" das eleições não convencem, apesar de uma ligeira modificação da lei eleitoral que transfere as prerrogativas organizacionais do Ministério do Interior para uma "autoridade independente".
Segundo os analistas, o presidente que será eleito já está desacreditado e não será reconhecido pela opinião pública, vindo a ter um problema real de legitimidade eleitoral.
O Hirak deverá continuar atuando após as eleições, segundo os observadores.