postado em 13/12/2019 04:15
[FOTO1]A mais antiga obra de arte figurativa do mundo foi descoberta em uma caverna na Indonésia. Com cerca de 44 mil anos, a peça, que tem 435 metros de largura, representa uma cena de caça pré-histórica com oito figuras humanas armadas com lanças e cordas. O alvo da caçada são seis mamíferos, incluindo javalis e bovinos.
A pintura monocromática foi encontrada no fim de 2017, com diversos danos, nas paredes de uma caverna em Leang Bulu Sipong, na ilha de Sulawesi. Na imagem, os caçadores aparecem desenhados com corpo humano, mas com cabeça de animais, pássaros ou répteis. Tratam-se de figuras chamadas, na mitologia, de teriantrópicas.
Para datar a obra, os pesquisadores usaram uma tecnologia extremamente precisa, que permitiu situá-la no período do Paleolítico Superior, com uma idade de ;pelo menos 43.900 anos;, segundo os autores do trabalho, divulgado na última edição da revista britânica Nature.
;Nunca vi nada parecido antes;, destacou, em comunicado, Adam Brumm, arqueólogo da Universidade de Griffith, na Austrália, e um dos autores do estudo. ;Essa cena de caça é, até onde sabemos, a representação mais antiga de arte figurativa e de obra narrativa do mundo;, ressaltaram os pesquisadores, no artigo.
A representação de figuras com parte humanas e parte animais sugere que os humanos da época eram capazes de imaginar coisas que não existiam no mundo real, segundo os pesquisadores. ;Não sabemos o que significa, sabemos que se trata de uma caçada, que pode ter conotações mitológicas ou sobrenaturais;, afirmou Brumm.
Ásia
Até então, a escultura de marfim de um homem com cabeça de leão encontrada na Alemanha era considerada a representação mais antiga de uma criatura teriantrópica, com 40 mil, segundo os pesquisadores. ;A descoberta de agora pode pôr fim à ideia profunda de que a arte rupestre apareceu na Europa e consistia em representações simbólicas abstratas. Os principais componentes de uma cultura artística altamente desenvolvida, que inclui a arte figurativa, cenas narrativas e teriántropos, estavam presentes há 44 mil anos nessa região da Ásia;, enfatizou Maxime Aubert, também pesquisador e autor da pesquisa.
Para a equipe, a arte poderia expressar ;uma espiritualidade fundada em um vínculo especial entre homens e animais; e também pode ter sido ;para as religiões modernas;. Os pesquisadores também alertam sobre o mau estado das paredes da caverna, que se deterioram em alta velocidade, ameaçando apagar o trabalho. ;Seria trágico se essa arte antiga desaparecesse de nossas vidas, mas é o que está acontecendo. É urgente entender o porquê;, concluíram.