Agência France-Presse
postado em 13/12/2019 11:29
[FOTO1]O aiatolá Ali Sistani, figura religiosa central dos xiitas iraquianos, denunciou nesta sexta-feira (13/12) a ocorrência de assassinatos e sequestros e pediu para que se coloque ;todas as armas sob o controle do Estado;, em um país mergulhado em protestos sociais.
Em seu sermão semanal, lido por um de seus representantes na cidade sagrada de Kerbala (sul), Sistani pediu que ;nenhum grupo armado atue fora da estrutura do Estado; e insistiu que ;as autoridades cumpram com suas responsabilidades;.
Referindo-se ao linchamento e posterior enforcamento, na quinta-feira em Bagdá, de um adolescente de 17 anos acusado de agredir manifestantes, pediu ao governo para que esclareça ;esse crime hediondo;, que ocorreu perto da Praça Tahrir, o epicentro dos protestos em Bagdá.
Também pediu justiça após o tiroteio mortal cometido há uma semana, nos arredores de Tahrir, por homens armados e não identificados que mataram 20 manifestantes e quatro policiais.
O líder xiita, de 89 anos, também pediu aos manifestantes que ;mantenham o caráter pacífico; de seu movimento, que começou há dois meses e meio e já deixou 460 mortos e quase 25.000 feridos, a maioria manifestantes.
A violência é quase diária no Iraque onde, apesar de tudo, a revolta popular não enfraquece.
[SAIBAMAIS]Na noite de quinta-feira, seis manifestantes antigovernamentais foram feridos por granadas ensurdecedoras em Kut (sul), segundo fontes médicas e policiais.
Facções pró-Irã atacadas
Na madrugada desta sexta-feira, em Amara, outra cidade do sul, cinco granadas ensurdecedoras foram lançadas contra facções armadas pró-Irã e Brigadas da Paz, o braço armado do líder xiita Moqtada Sadr, sem causar vítimas.
Na terça-feira, também em Amara, granadas idênticas haviam sido lançadas contra as facções armadas pró-iranianas.
Os manifestantes vêm exigindo desde 1; de outubro a saída do governo em sua totalidade, denunciando precisamente ;a interferência do Irã;, cuja influência continua a crescer, e continuam a se mobilizar apesar de uma campanha de intimidação acentuada, com três de suas figuras assassinadas desde o início do mês, além de dezenas de sequestros.
Em cada ocasião, homens uniformizados que o Estado diz não poder identificar, os detêm na frente de suas casas ou nas áreas de manifestação.
A maioria deles reaparece, traumatizada e silenciosa, como Zeid al Khafaji, um fotógrafo de 22 anos muito conhecido na Praça Tahir e liberado na quinta-feira à noite.
Na sexta-feira, os protestos continuaram em muitas cidades do sul, além da Praça Tahir.
O presidente Barham Saleh tem até 17 de dezembro para nomear um novo chefe de governo, após a renúncia de Abel Abdel Mahdi há duas semanas.