postado em 14/12/2019 04:43
[FOTO1]A Câmara de Representantes dos Estados Unidos deve votar na próxima quarta-feira, em sessão plenária, o relatório que pede o impeachment do presidente Donald Trump por crimes de abuso de poder e obstrução do Congresso. Ontem, dois meses e meio após vir à tona o escândalo ucraniano, em que o republicano queria que o governo de Volodimir Zelenski investigasse o rival Joe Biden, a ata de acusação foi aprovada pela Comissão Judiciária da Câmara, de maioria democrata.
Foram 23 votos a favor e 17 contra, marcando uma etapa decisiva antes da votação histórica no processo de impeachment. ;Hoje é um dia solene e triste;, disse o presidente do comitê, Jerry Nadler, depois das votações, convocadas com surpreendente rapidez após um longo debate televisionado realizado na véspera, que se estendeu até quase meia-noite.
Levando-se em conta a maioria democrata na Câmara, a acusação deverá ser aprovada sem problemas. Entretanto, diante do domínio republicano no Senado, é muito pouco provável que Trump seja afastado do cargo. Para isso, seriam necessários dois terços dos votos. Em entrevista ao canal Fox News na quinta-feira à noite, o senador Mitch McConnell, líder da maioria republicana, garantiu: ;Não há nenhuma chance de que o presidente seja destituído;.
Vantagem política
Após a decisão da comissão, Donald Trump voltou a classificar o processo de ;caça às bruxas; e ;fraude;, assinalando, contudo, que está sendo beneficiado politicamente. ;As pesquisas estão nas nuvens;, disse o presidente dos EUA, ao receber na Casa Branca seu colega paraguaio, Mario Abdo.
Oficialmente, a Casa Branca considerou a aprovação das acusações como o ;final vergonhoso; de uma ;farsa desesperada;. ;O presidente espera receber, no Senado, o tratamento justo e o devido processo que a Câmara continua negando, vergonhosamente;, disse a secretária de Imprensa de Trump, Stephanie Grisham, em um comunicado.
Para os congressistas democratas, Trump reteve, por interesses eleitorais e pessoais, ajuda militar para a Ucrânia. O presidente republicano também é acusado de oferecer uma visita à Casa Branca a Volodimir Zelenski em troca de Kiev abrir uma investigação contra o ex-vice-presidente Joe Biden. O democrata é um dos principais adversários de Trump para as eleições de 2020.
Segundo a acusação, Trump cometeu, ainda, obstrução ao Congresso ao tentar bloquear os esforços de investigar as ações do presidente. Os rivais do republicano alegam que se trata de uma violação da Constituição, que concede ao Legislativo um mandato de supervisão do Poder Executivo.
Antes da votação, os integrantes da Comissão Judiciária discutiram o conteúdo da ata ao longo de mais de 15 horas. A maratona de debates expôs duas visões diametralmente opostas sobre a conduta de Donald Trump, refletindo as fraturas da sociedade dos Estados Unidos diante de um presidente considerado atípico.
O impacto de toda essa investigação na opinião pública é incerto. Segundo a média de pesquisas estabelecida pelo site FiveThirtyEight, 47,3% dos norte-americanos apoiam o impeachment de Donald Trump, e 45,9%, são contrários à condenação política do republicano.
Antes de Trump, apenas os presidentes Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, enfrentaram julgamentos políticos. Ambos foram absolvidos. Denunciado pelo escândalo de Watergate, o republicano Richard Nixon renunciou, em 1974, antes da votação, evitando o impeachment.
;O presidente espera receber, no Senado, o tratamento justo e o devido processo que a Câmara continua negando, vergonhosamente;
Stephanie Grisham, Secretária de Imprensa da Casa Branca