postado em 16/12/2019 04:15
[FOTO1]A comunidade internacional alcançou, ontem, em Madri, um acordo mínimo na COP25, mas sem responder firmemente às mudanças climáticas, contrariando reivindicações da ciência e da sociedade civil. Após duas semanas de negociações, a conferência da ONU concordou em pedir aos países que aumentem suas metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no próximo ano, o que é essencial para tentar conter o aquecimento a menos de +2;C. Entretanto, a busca por um acordo para regular os mercados globais de carbono, uma das questões mais urgentes, ficou para a próxima cúpula, marcada para o ano que vem.
"Parece que a COP25 está desmoronando. A ciência é clara, mas a ciência é ignorada", tuitou a jovem ativista climática Greta Thunberg, estrela da conferência que inspira milhões de jovens a exigirem medidas radicais e imediatas para limitar o aquecimento global. "Aconteça o que acontecer, não vamos desistir. Estamos apenas começando", acrescentou a adolescente sueca.
Os delegados de quase 200 países, reunidos na cúpula, aprovaram também uma ajuda a países pobres que sofrem as consequências das mudanças climáticas. Eles concordaram em designar fundos para compensar essas nações pelos efeitos de eventos climáticos extremos, uma das questões mais prementes para os pequenos estados insulares.
As negociações em Madri foram acompanhadas diversas vezes por protestos de grupos indígenas e ambientalistas. Foi um sinal da crescente frustração com o ritmo lento dos esforços dos governos para conter as mudanças climáticas.
Grupos e ativistas ambientais acusaram os países mais ricos do mundo de mostrarem pouco comprometimento em enfrentar seriamente as mudanças climáticas. "O Acordo de Paris pode ter sido vítima de atropelamento por um punhado de economias poderosas de carbono, mas elas estão do lado errado dessa luta, do lado errado da história", disse a diretora executiva do Greenpeace International, Jennifer Morgan. "Bloqueadores climáticos como o Brasil e a Arábia Saudita, possibilitados por uma liderança chilena irresponsável e fraca, venderam acordos de carbono e passaram por cima de cientistas e sociedade civil", acrescentou.
O Chile presidiu as negociações, embora a cúpula tenha sido transferida para Madri, em razão dos violentos protestos antigoverno no país sul-americano. Apesar de o governo do presidente chileno Sebastián Piñera pressionar por um resultado positivo, os ativistas o criticaram por manter em operação as usinas a carvão até 2040.
Helen Mountford, do World Resources Institute, um grupo de especialistas em meio ambiente, disse que as conversas "refletem como os líderes de países estão desconectados da urgência da ciência e das demandas de seus cidadãos nas ruas". "Eles precisam acordar em 2020", acrescentou.
"Não podemos dizer ao mundo que estamos diminuindo nossas ambições na luta contra as mudanças climáticas", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.