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Greve leva multidão às ruas contra a reforma da previdência de Mácron

Agência Estado
postado em 18/12/2019 06:00
A Confederação-Geral do Trabalho (CGT), um dos maiores sindicatos da França, disse ontem que 1,8 milhão de pessoas saíram às ruas do país em 260 manifestações diferentes contra a reforma da previdência do governo de Emmanuel Macron - o Ministério do Interior calculou o número de manifestantes em 750 mil em toda a França. A greve paralisou o país. Os sindicalistas cortaram a eletricidade de mais de 150 mil casas e escritórios em várias cidades - 50 mil, em Bordeaux, 40 mil, em Lyon, 37 mil, em Nantes, e 45 mil, em Orléans. Os funcionários da Torre Eiffel, da Ópera de Paris e do Museu dOrsay se juntaram aos protestos contra o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos. O Louvre e o Centro Pompidou abriram parcialmente. Apesar da greve que já dura 13 dias, Macron se mantém firme. O primeiro-ministro, Édouard Philippe, declarou ontem sua total determinação de levar adiante a reforma da previdência. O governo francês argumenta que a França precisa seguir o que fizeram vários países europeus, que aumentaram a idade de aposentaria ou reduziram as pensões para atender ao aumento da expectativa de vida e o lento crescimento econômico. Apoio. Os maiores protestos de ontem foram registrados em Marselha, Lyon, Toulouse, Nantes, Bordeaux, Lille, Caen, Montpellier, Brest e Rennes - além de Paris, o maior deles. Muitas escolas suspenderam as aulas e médicos e enfermeiros se juntaram à paralisação, que representa o maior desafio para Macron desde o movimento dos coletes amarelos, no ano passado. De acordo com uma pesquisa da Harris Interactive, realizada para a emissora RTL e a agência AEF Info, 62% dos franceses apoiam a greve, embora 69% desejem uma "trégua de Natal". A paralisação de ontem afetou o sistema de transporte, mais do que qualquer outro setor, e foi especialmente grave em Paris. "Estou tentando ir para Lyon, mas ainda não sei se vou chegar lá. Eu realmente compartilho os ideais sociais dos grevistas, mas está sendo difícil para a maioria das pessoas", declarou uma passageira na estação de trem de Lille. Macron pediu "responsabilidade" aos sindicatos, mas os opositores à reforma culpam a intransigência do presidente. O governo recebeu nesta semana um duro golpe com a renúncia de Jean-Paul Delevoye, o arquiteto da reforma da previdência - o motivo de sua saída, porém, teve ligação com o fato de ele não ter declarado as funções que exerceu em paralelo a seu cargo no governo. "Delevoye se aposenta. O Executivo soma poucos pontos", escreveu ontem o jornal Libération em um jogo de palavras com o sistema de aposentadoria por pontos desejado pelo governo para unir os 42 regimes existentes atualmente, incluindo os especiais, como o dos ferroviários, que podem se aposentar mais cedo. No entanto, a maior reclamação dos manifestantes é mesmo a nova idade mínima de aposentadoria, com a qual o governo de Macron pretende manter o equilíbrio financeiro do sistema, uma vez que todos poderão continuar a se aposentar aos 62 anos, mas sem o valor integral, que só seria pago para quem esperar até os 64. É um incentivo forte para quem quiser se aposentar aos 64 anos", afirmou o primeiro-ministro. (Com agências internacionais) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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