Mundo

Ordem de prisão contra Evo

Procuradoria da Bolívia determina detenção em um processo no qual o ex-presidente é acusado por crimes de sedição e terrorismo pelo governo interino. Da Argentina, onde se refugiou na semana passada, ele afirma: %u201Cnão me assusta%u201D

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 19/12/2019 04:15
[FOTO1]


O Ministério Público da Bolívia emitiu ontem mandado de prisão contra Evo Morales, dando sequência a uma denúncia apresentada pelo governo interino de Jeanine Anez, que acusou o ex-presidente por crimes de sedição, terrorismo e financiamento de terrorismo. A ordem de detenção, assinada pelos procuradores Jhimmy Almanza e Richard Villaca, de La Paz, foi anunciada pelo ministro de Governo (Interior), Arturo Murillo, que difundiu uma fotografia do documento oficial em sua conta do Twitter. ;Sr. @evoespueblo, para seu conhecimento;, escreveu Murillo diretamente para o ex-presidente.

A resposta de Evo Morales também veio pela rede social. ;Quatorze anos depois da nossa revolução, o ;melhor presente; que recebo do governo de fato é uma ordem de apreensão, injusta, ilegal e inconstitucional. Não me assusta. Enquanto tiver vida, seguirei com mais força na luta política e ideológica por uma #Bolívia livre e soberana;, tuitou.

A decisão de Almanza e Richard Villaca determina a procuradores, policiais e/ou funcionários públicos que ;apreendam e conduzam o senhor Juan Evo Morales Ayma, aos escritórios da Procuradoria;. O processo contra o ex-presidente foi aberto depois que Arturo Murilo formalizou uma denúncia em 22 de novembro do ano passado. Morales renunciou 10 dias antes, sob forte pressão em razão de irregularidades apontadas na sua quarta eleição.

O coronel Fernando Guarachi, chefe de uma unidade policial da Força Especial de Combate ao Crime (FELCC), disse ao canal de televisão privado ATB que todas as medidas relevantes serão tomadas para a prisão, levando-se em conta que Morales está em território argentino desde a quinta-feira passada.

;Serão feitos todos os atos de investigação necessários para poder coordenar. No entanto, é responsabilidade do Ministério Público também poder coordenar com seus colegas de outros países;, observou.

Bloqueio
A acusação é baseada em um áudio, revelado por Murillo, supostamente gravado por Evo Morales dando instruções a um de seus apoiadores, o plantador de coca Faustino Yucra, para bloquear estradas e interromper o fornecimento de alimentos para algumas cidades. ;Que a comida não entre nas cidades, vamos bloquear, cerco de verdade;, ouve-se a voz que, segundo o ministro, pertence a Morales, no diálogo telefônico com Yucra.

Após a renúncia, várias cidades do país, principalmente a capital, La Paz, e sua vizinha El Alto, sofreram escassez de alimentos e combustível, o que forçou o governo interino a habilitar pontes aéreas.

Na época, de acordo com a denúncia, o ex-chefe de Estado estava asilado no México. Morales descreveu o áudio acima mencionado várias vezes como uma montagem.

Também ontem, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou resolução de repúdio à violência racial na Bolívia, com um pedido para que se respeite os direitos dos povos indígenas, num contexto da convulsão social ocorrida no país após a polêmica reeleição de Evo Morales. O texto proposto pela Comunidade do Caribe (Caricom) teve 18 votos favoráveis e quatro contrários. Onze países se abstiveram, incluindo o Brasil.



Em clima natalino
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Anez, se vestiu de Mamãe Noel para uma celebração antecipada de Natal no Palácio de Quemado, sede do governo, em La Paz. Sorridente, ela distribuiu presentes a crianças pobres, num evento que contou com a apresentação de palhaços e fantoches. ;Quero expressar meu agradecimento às pessoas que contribuem para gerar um sorriso em todas as crianças;, discursou a Jeanine Anez, que assumiu o comando do país no mês passado, após a renúncia de Evo Morales.




Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação