postado em 20/12/2019 04:06
Fortalecido pela expressiva vitória do seu Partido Conservador nas urnas, o primeiro-ministro Boris Johnson leva hoje para a primeira votação no Parlamento o acordo firmado por ele com a União Europeia (UE) para a saída do Reino Unido do bloco. Ontem, o premiê apresentou ao Legislativo seu projeto para preparar os britânicos para o desembarque em 31 de janeiro. ;Esse é o momento de retribuir a confiança daqueles que nos enviaram aqui para deliberar sobre as prioridades do povo. Eles querem que a política siga adiante, que o país siga adiante;, disse Johnson, que não deverá enfrentar resistências.
No discurso protocolar que marca o início da Legislatura, a rainha Elizabeth II enfatizou que concretizar o Brexit no primeiro mês de 2020 e negociar em seguida amplos acordos de livre-comércio serão as prioridades do novo governo de Johnson.
Sentada no trono de ouro da Câmara dos Lordes ao lado do filho e herdeiro, Charles, a monarca de 93 anos leu o programa de política geral do Executivo. As ações vão desde um importante aumento no financiamento da saúde pública até avanços na educação, mas tudo isso apenas depois do divórcio da UE.
;A prioridade de meu governo é fazer com que o Reino Unido abandone a União Europeia em 31 de janeiro;, leu a rainha, diante dos lordes e deputados. ;Em seguida, meus ministros buscarão uma futura relação com a União Europeia baseada em um acordo de livre-comércio e também iniciarão negociações comerciais com outras grandes economias mundiais;, completou. Londres deseja negociar com os Estados Unidos e a Austrália
Após o Brexit, o segundo projeto de lei do Executivo abordará o financiamento do NHS (Serviço Nacional de Saúde), muito respeitado pelos britânicos, mas que enfrenta dificuldades após quase uma década de políticas de austeridade. Johnson promete aumentar em até 33,9 bilhões de libras (US$ 44,35 bilhões) no período 2023-2024 o valor destinado à saúde.
Escócia
A promessa de uma rápida saída da UE rendeu a Johnson sua vitória eleitoral esmagadora, a maior dos conservadores desde 1987, mas também agravou as fissuras na unidade do país. Em Edimburgo, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, pediu ontem ao governo britânico que negocie e aprove a convocação de um novo referendo sobre a independência, após a consulta de 2014 que rejeitou a tese.
Consciente da oposição de Johnson, a líder nacionalista afirmou que considerará ;todas as opções razoáveis para garantir o direito da Escócia à autodeterminação;, dando a entender que pode recorrer a ações judiciais, mas sem revelar detalhes. E advertiu a Londres que tentar bloquear o desejo ;democrático; dos escoceses vai apenas aumentar o apoio à causa independentista.