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Aiatolá iraniano pede eleições para acabar com crise no Iraque

Até agora, cada partido enviou um membro para esta comissão, regularmente acusada de encobrir fraudes

postado em 20/12/2019 09:42
Os manifestantes consideram toda a classe política corrupta e incompetente, além de criticarem a influência iranianaO aiatolá Ali Sistani, figura tutelar da política iraquiana, pediu nesta sexta-feira (20/12) eleições antecipadas para tirar o país da crise entre manifestantes inflexíveis e a classe política incapaz de se entender.

Enquanto o governo precisouj de mais três dias para chegar a um acordo sobre o nome de um novo primeiro-ministro, excedendo pela segunda vez o prazo constitucional, o dignitário xiita pediu que eles "formem um novo governo o mais rápido possível".

Mas este gabinete, alertou ele, não deve durar para sempre. Deve apenas preparar o caminho para eleições antecipadas, aprovando uma nova lei eleitoral e nomeando uma comissão para supervisionar eleições não-partidárias.

Até agora, cada partido enviou um membro para esta comissão, regularmente acusada de encobrir fraudes.

A lei eleitoral - a única reforma proposta pelas autoridades em dois meses e meio de uma revolta sem precedentes marcada por quase 460 mortos e 25.000 feridos - está bloqueada no Parlamento.

Os deputados negociam a divisão dos círculos eleitorais e, especialmente, a porção da votação proporcional e de lista, em proveito dos grandes partidos.

Para os manifestantes, incluindo muitos jovens que só conheceram o sistema político pós-Saddam Hussein, ditador derrubado em 2003 por uma invasão americana, esse regime não tem condições de continuar.

Os manifestantes consideram toda a classe política corrupta e incompetente, além de criticarem a influência iraniana.

Na Praça Tahrir, em Bagdá, bem como no sul xiita, os retratos dos candidatos cujos nomes são mencionados para liderar o governo estão espalhados por todas as partes, todos riscados com uma cruz vermelha.

[SAIBAMAIS]Enquanto isso, as reuniões entre líderes de bancadas parlamentares, chefes de partidos e emissários do Irã ou da ONU continuam, cada um pressionando por seu candidato.

Os pró-Irã insistem no nome do ministro da Educação, Qoussai al-Souheil.

Ex-tenor do movimento do líder xiita Moqtada Sadr, agora é membro do "Estado de direito", bloco do ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki - próximo ao Irã e grande inimigo de Sadr.

Outros nomes circulam, todos ex-ministros ou autoridades do regime e, portanto, rejeitados nas ruas.

O Parlamento deveria dar um voto de confiança a um de seus membros para formar o novo governo até a meia-noite, mas diante da falta de consenso entre os blocos parlamentares, o prazo foi ampliado até o próximo domingo.

Após a decisão, os deputados terão que apresentar seu candidato ao presidente Barahm Saleh, que o submeterá ao voto do Parlamento.

Caso não haja uma decisão, Saleh proporá um nome e, se a votação também não for favorável, o chefe de Estado assumirá o cargo de primeiro-ministro interino por 15 dias.

Qualquer que seja o nome do futuro primeiro-ministro, os milhares de manifestantes que exigem a queda de todas as instituições, incluindo a do Parlamento liderada por Mohammed al-Halboussi, permanecerão nas ruas.

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