postado em 25/12/2019 04:05
Nas ruas desde 1; de outubro para exigir uma nova Constituição e mudanças políticas, os iraquianos reforçaram ontem a mobilização, diante de autoridades paralisadas entre a pressão dos partidos pró-Irã e a incapacidade de implementar as reformas. Ontem, mais uma vez, a Praça Tahrir, em Bagdá, se encheu de manifestantes com grandes retratos dos candidatos a primeiro-ministro riscados com uma cruz vermelha.
As principais estradas e avenidas do sul do país seguem bloqueadas, assim como escolas, universidades e administrações públicas. Para os iraquianos, o sistema político estabelecido pelos norte-americanos após a queda de Saddam Hussein, em 2003, e agora infiltrado pelos iranianos, atingiu seu limite.
Embora o governo tenha renunciado há um mês, os manifestantes querem acabar com o sistema de distribuição de cargos segundo etnias e confissões religiosas, bem como com a crescente interferência de Teerã na vida do país. Exigem uma nova Constituição, uma nova lei eleitoral e a renovação total da classe política, descrita como ;corrupta; e ;incompetente;.
Em 16 anos, a prometida recuperação econômica não se concretizou e metade das receitas do petróleo, de um dos países mais ricos do mundo nesse recurso natural, foi desviada por políticos e empresários.
Diante da crise, a classe política tenta encontrar um novo primeiro-ministro, mas, para os manifestantes, é inaceitável que o futuro chefe de Estado seja dos círculos de poder. O partido sunita do chefe do Parlamento, Mohamed al-Halbusi, desistiu de promover o candidato de Teerã, o ex-ministro do Ensino Superior Qussai Al Suheil, e pediu aos pró-Irã que busquem outro nome.
Assim que foi mencionado o nome de Assaad al-Aidani, governador de Basra de um partido pró-Irã, a província se revoltou. ;A cada hora, os partidos inventam um novo candidato. Mas queremos um independente;, disse um jovem manifestante da província de Basra.;Estamos dispostos a fazer a greve geral durar um dia, dois dias, três dias ... até 100 anos, se preciso;, acrescentou.