Legitimado como líder da direita israelense após as primárias do partido Likud, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou nesta sexta-feira que está pronto para uma nova campanha eleitoral, as legislativas de 2 de março de 2020, apesar de ter sido acusado de corrupção.
Netanyahu, 70 anos, era o grande favorito das primárias do Likud, exigidas por seu rival e ex-ministro Gideon Saar depois que os problemas do chefe de Governo com a justiça aumentaram e ele foi oficialmente indiciado por corrupção, fraude e abuso de confiança.
A vitória contundente nas eleições internas do partido na quinta-feira, com 72,5% dos votos contra 27,5% de Saar, não deixa margem para dúvidas: Netanyahu, o primeiro-ministro que permaneceu por mais tempo no cargo, é o dono e senhor da direita de Israel.
O chefe de Governo agradeceu os simpatizantes pela "imensa vitória", por sua confiança e apoio e rapidamente passou o discurso para as legislativas de 2 de março, as terceiras eleições no país em menos de um ano.
"Chegou a hora de nos unirmos e conquistarmos uma vitória clara para o Likud e para a direita", afirmou em uma entrevista coletiva.
"A maioria das pessoas apoia a direita e elas me apoiam para dirigir o governo", disse, em um verdadeiro discurso de campanha, no qual não mencionou o nome de seu rival no Likud, derrotado nas primárias.
Netanyahu agradeceu o presidente americano Donald Trump pelo apoio a Israel e completou que uma vitória do Likud em março representará novos "êxitos históricos" para o país.
- Terceiro episódio -
As legislativas de março representarão o terceiro capítulo da batalha entre Netanyahu e seu rival de centro-direita, o ex-comandante do Estado-Maior Benny Gantz, líder da coalizão "Azul-Branco".
Após as legislativas de abril e de setembro, nenhum dos dois conseguiu, sozinho ou com alianças, alcançar a marca de 61 deputados, maioria parlamentar necessária para formar o governo.
O presidente Reuven Rivlin confiou a missão de designar um chefe de Governo ao Parlamento, mas a iniciativa tampouco teve sucesso.
As tentativas de criar um governo de união entre Gantz e Netanyahu também não apresentaram resultados. A coalizão "Azul-Branco" se nega a compartilhar o poder com um primeiro-ministro indiciado e Gantz considera que sua ficha judicial impoluta é o grande trunfo junto aos eleitores.
"O desafio de Netanyahu é garantir a imunidade e para isto ele precisa de 61 votos no Parlamento", recordou Gayil Talshir, professora de Ciências Políticas da Universidade Hebraica de Jerusalém.
A lei israelense prevê que qualquer ministro investigado pela justiça deixe o cargo, mas a medida não se aplica no caso do primeiro-ministro.
As pesquisas para as eleições de 2 de março mostram novamente um empate técnico entre os dois candidatos, mas as primárias do Likud podem gerar um impulso a Netanyahu.
O primeiro-ministro fez uma campanha intensa para legitimar sua liderança dentro do Likud. Visitou diversas cidades, participou em reuniões com simpatizantes em diversos pontos do país e utilizou as redes sociais.
A imprensa já havia previsto sua vitória, mas não de maneira tão contundente. Nesta sexta-feira, os jornais elogiam o triunfo. "Grande momento para Netanyahu", afirma o Yediot Aharonot.
"Lealdade tribal a Netanyahu no Likud", destaca o Haaretz, jornal mais crítico em relação ao governo. Os membros mais jovens do Likud não conheceram outro líder do partido que não seja Netanyahu, ressalta a publicação, em referência ao fato de que o chefe de Governo preside a formação praticamente desde 1993 (com um intervalo de seis anos de liderança de Ariel Sharon).
Gideon Saar aceitou a derrota e se colocou à disposição de Netanyahu para ajudá-lo a vencer em 2 de março.