postado em 29/12/2019 04:14
A capital da Somália foi alvo de um dos mais sangrentos ataques terroristas desde 2015, quando começou uma série de atentados islâmicos no país. A 13; investida de grupos radicais deixou ao menos 79 mortos, um número que pode aumentar, pois cerca de 90 pessoas ficaram feridas depois que um carro-bomba explodiu em um movimentado bairro de Mogadíscio. ;Esse inimigo tenta aplicar a vontade destruidora do terrorismo internacional, nunca fizeram nada positivo por nosso país;, declarou o presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo, citado pela agência nacional de imprensa Sonna. ;Tudo que fazem é destruir e matar.;
O atentado, que não foi reivindicado no momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda. Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20 mil membros da força da União Africana na Somália (Amisom). O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul do país, e estima-se que atualmente tenha de 5 mil a 9 mil integrantes. Os radicais foram expulsos de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perderam a maioria de seus redutos. No entanto, continuam poderosos em algumas regiões somalis, onde realizam operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital. Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis.
Inocentes
A explosão de ontem ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega, deixando o local coberto de detritos e de veículos calcinados. Uma testemunha, Muhibo Ahmed, afirmou à agência France Presse que ;havia muitas pessoas, também estudantes que estavam em um ônibus e que passavam pela área quando a explosão ocorreu;. ;Tudo o que pude ver foram corpos (...) dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis;, disse outra testemunha, Sakariye Abdukadir. ;A maioria dos mortos são estudantes inocentes e outros civis;, apontou o prefeito de Mogadíscio, Omar Mohamud Mohamed.
Entre as vítimas, há pelo menos dois estrangeiros. Segundo o policial Ibrahim Mohamed, trata-se de ;aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas;. Em Ancara, o ministro de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, confirmou que dois cidadãos turcos ;perderam a vida em um cruel atentado terrorista perpetrado em Mogadíscio;. O Ministério da Defesa informou no Twitter que enviou um avião militar turco à Somália com pessoal e ajuda médica.
O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295. Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um atentado do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.