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Cientista condenado por alterar DNA de embriões

postado em 31/12/2019 04:06


O cientista chinês que provocou polêmica mundial ao anunciar os primeiros bebês geneticamente modificados foi condenado a três anos de prisão e ao pagamento de multa. He Jiankui anunciou, em novembro de 2018, o nascimento de gêmeas com o DNA modificado para que pudessem resistir ao vírus da Aids, que o pai havia contraído. Em uma entrevista coletiva, alguns dias depois, em Hong Kong, declarou que estava ;orgulhoso; do resultado. Mas o governo da China, acusado de permissividade, ordenou a suspensão de suas atividades e iniciou uma investigação policial contra Jiankui.

Ontem, o cientista foi condenado por exercício ilegal da medicina em um tribunal da cidade de Shenzhen, onde ficava o seu laboratório, por ;ter realizado ilegalmente a manipulação genética de embriões com fins reprodutivos;, informou a agência estatal Xinhua. Três bebês geneticamente modificados teriam nascido no projeto de Jiankui. As autoridades chinesas anunciaram em janeiro que outra mulher estava grávida de uma criança com o DNA alterado, além das gêmeas, mas o nascimento desse bebê não foi confirmado.

Quando o caso explodiu, a China foi acusada de falta de supervisão. O país não tinha nenhuma lei sobre o tema, apenas uma regulamentação de 2003 que proibia a manipulação genética de embriões, mas que não previa nenhuma pena para os infratores. He Jiankui, formado nos Estados Unidos, explicou ter o usado o sistema Crispr-Cas9, as chamadas ;tesouras genéticas;, que permite remover e substituir as partes indesejáveis do genoma. A simplicidade do Crispr estimulou muitos cientistas. Porém, ao modificar o DNA, He Jiankui provocou outras mutações que serão transmissíveis a seus descendentes.

;A tecnologia ainda não é segura;, diz Kiran Musunuru, professor de Genética da Universidade da Pensilvânia (EUA). ;É fácil utilizá-las se você não se importa com as consequências;, explica. As duas gêmeas permanecem anônimas e seu paradeiro é desconhecido.



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