Correio Braziliense
postado em 03/01/2020 04:05
Milhares de pessoas começaram a abandonar ontem as áreas afetadas por incêndios florestais no sudeste da Austrália, antes de uma nova onda de calor que, segundo meteorologistas, atingirá a região a partir de amanhã e agravará ainda mais a situação. Estão previstas temperaturas superiores a 40°C e fortes rajadas de vento, que podem espalhar ainda mais o fogo. O governo deu prazo de 48 horas para que as zonas turísticas da costa sudeste sejam esvaziadas.
As chamas fora de controle provocaram pelo menos oito mortes nos dois primeiros dias do ano e reduziram a cinzas centenas de hectares de florestas. Por conta da gravidade da situação, milhares não conseguiram deixar localidades e permaneceram isolados no revéillon, em áreas sem energia elétrica e comunicação, com poucas reservas de alimentos.
As autoridades estabeleceram a segurança de algumas rodovias para garantir a retirada de todos. “A evacuação da zona restrita para os turistas será a mais importante já feita na região”, declarou o ministro dos Transportes de Nova Gales do Sul, Andrew Constance.
Descontrole
Preocupado, o vice-comandante dos bombeiros do estado, Rob Rogers, admitiu que a corporação não tem condições de lidar coma situação. “Há tantos incêndios nessa região que não conseguimos contê-los. Temos que assegurar que ninguém fique no caminho”, declarou.
As duas zonas costeiras que devem ser esvaziadas têm quase 300 quilômetros de extensão, da cidade de Nowra (200km ao sul de Sydney) até o sul do país e o estado de Victória. Barcos e aviões militares foram mobilizados para transportar ajuda humanitária e avaliar os danos nas zonas mais isoladas. Um navio da Marinha chegou a Mallacoota, onde muitas pessoas se refugiaram durante horas na praia para escapar das chamas.
Trata-se de uma crise sem precedentes. Desde o início da temporada de incêndios, em setembro, pelo menos 18 pessoas morreram, segundo as informações oficiais. Esse número pode aumentar: há 17 desaparecidos no estado de Victoria. Nesse período, o fogo destruiu mais de 1,3 mil casas. As chamas devastaram 5,5 milhões de hectares.
Ativistas pedem ao governo medidas contra o aquecimento global que, segundo os cientistas, é responsável pela maior intensidade e duração dos incêndios. Muitas críticas são direcionadas ao primeiro-ministro Scott Morrison, que reiterou seu apoio à lucrativa mas altamente poluente indústria do carvão australiana.
Ontem, Morrison disse que as autoridades estão fazendo “absolutamente todos os esforços” para ajudar a população, pediu a confiança dos australianos e defendeu a política em termos de mudança climática de seu governo.
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