Correio Braziliense
postado em 03/01/2020 08:13
As imagens das câmeras de segurança mostram que o executivo Carlos Ghosn saiu sozinho no domingo passado de sua residência em Tóquio, segundo fontes próximas à investigação citadas pelo canal público japonês NHK, mas os detalhes da fuga para o Líbano ainda não foram esclarecidos.
As imagens, de domingo por volta das 12H00 (0H00 de Brasília), foram as últimas do ex-CEO da Renault e Nissan captadas por uma câmera instalada perto da entrada de sua casa para vigiar seus deslocamentos, de acordo com a NHK.
Nenhum suspeito aparece ao lado de Ghosn nas imagens. A polícia japonesa suspeita que ele se reuniu com alguém para embarcar em um voo.
Ghosn afirmou na quinta-feira (2/1) que organizou sozinho a viagem para o Líbano, sem explicar os detalhes da fuga.
Imad Ajani, um amigo libanês de Ghosn que mora no Japão, afirmou à agência japonesa Kyodo News que ele conseguiu escapar dentro de uma caixa de instrumentos musicais após um concerto em sua casa, com a ajuda de dois agentes de empresas de segurança privadas que se fizeram passar por músicos. Outra fonte próxima ao empresário, no entanto, negou a informação.
A eventual fuga de Ghosn em uma caixa de instrumentos "é uma especulação", disse Ajami nesta sexta-feira à AFP. "Não sei como partiu do Japão", completou, antes de explicar que não conversou diretamente com o executivo após a fuga.
Osaka-Istambul-Beirute
A rota de fuga, no entanto, parece estabelecida. Os investigadores suspeitam que ele embarcou em um avião privado no aeroporto internacional de Kansai (oeste do Japão) no domingo 29 de dezembro à noite. Depois de uma breve escala no aeroporto Ataturk em Istambul, utilizado por aviões de carga e privados, embarcou em outra aeronave com destino a Beirute.
Os investigadores japoneses fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Ghosn em Tóquio na quinta-feira. Sete pessoas, incluindo quatro pilotos, foram detidas na Turquia suspeitas de ajudar na fuga.
A companhia aérea turca MNG Jet denunciou nesta sexta-feira o uso "ilegal" de duas de suas aeronaves para a fuga do ex-CEO da Nissan-Renault.
Saiba Mais
A Procuradoria Geral libanesa recebeu na quinta-feira um "alerta vermelho" da Interpol. O aviso de busca internacional é emitido a pedido dos países membros. No entanto, não há acordo de extradição entre Líbano e Japão.
Ghosn, de 65 anos e que tem nacionalidade francesa, libanesa e brasileira, foi detido em novembro de 2018 no Japão e acusado de supostas fraudes financeiras. Depois de passar 130 dias na prisão, ele foi liberado após o pagamento de fiança no fim de abril, sob estritas condições, e proibido de sair do país à espera do julgamento.
Segundo passaporte francês
A polícia suspeita que Ghosn saiu do Japão com uma identidade falsa ou evitando os controles oficiais.
Seus três passaportes - francês, libanês e brasileiro - estavam em um cofre de seus advogados japoneses, para limitar os riscos de fuga.
Ghosn, porém, tinha um segundo passaporte francês, em uma espécie de estojo lacrado e cujo código de abertura era conhecido apenas por seus advogados japoneses, informou na quinta-feira uma fonte próxima ao caso.
A justiça japonesa o autorizou a manter este documento, que servia de visto de curta duração no arquipélago. Por este motivo, ele precisava do passaporte disponível para seus deslocamentos no país, segundo a mesma fonte.
Se o segundo passaporte francês não poderia ser utilizado para sair do território japonês, em tese poderia ser usado na escala na Turquia.
As autoridades libanesas indicaram que Ghosn entrou legalmente no país, com um documento de identidade libanês e um passaporte francês.
Carlos Ghosn anunciou que concederá uma entrevista coletiva na próxima semana em Beirute.
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