Mundo

Nos EUA, Congresso dividido

Correio Braziliense
postado em 04/01/2020 04:06


O ataque ordenado pelo presidente Donald Trump, em Bagdá, dividiu profundamente o Congresso dos Estados Unidos, voltando a evidenciar o clima de polarização. De um lado, os líderes do Partido Republicano, do presidente norte-americano, elogiaram a operação que matou o general iraniano Qasem Soleimani. De outro, a  oposição democrata criticou com veemência o fato de Trump ter realizado a ofensiva sem a aprovação do Legislativo —  um senador republicano próximo a Trump foi informado de antemão.

“O presidente Trump acaba de jogar um cartucho de dinamite em um barril de pólvora e deve uma explicação ao povo americano”, reagiu o ex-vice-presidente Joe Biden, favorito nas pesquisas das primárias democratas para enfrentar Trump nas eleições presidenciais de novembro.

A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, assegurou, por sua vez, que a morte de Soleimani ameaça provocar “uma perigosa escalada” de violência. “Os Estados Unidos — e o mundo — não podem se permitir que as tensões aumentem até limites irreversíveis”, destacou, em um comunicado, a líder democrata.

Ao contrário, os legisladores republicanos saudaram a iniciativa do chefe da Casa Branca. “Uau, o preço de matar e ferir americanos subiu drasticamente”, escreveu no Twitter o senador Lindsay Graham, um aliado do presidente, em alusão à morte no Iraque de um cidadão americano em 27 de dezembro, em um ataque com foguetes atribuído por Washington a forças pró-iranianas.

“Em uma ação de resolução e força, golpeamos o líder daqueles que atacam nossos territórios soberanos dos Estados Unidos”, reagiu o líder dos republicanos na Câmara baixa, Kevin McCarthy. O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, qualificou Soleimani de um “cérebro terrorista” e anunciou que a Casa Branca espera poder organizar uma sessão informativa para todos os senadores “no começo da semana que vem”.

Impeachment

Em meio à repercussão do ataque, McConnell rejeitou os pedidos da oposição para dar andamento ao processo de impeachment de Trump. Se o julgamento não começar logo, o Senado continuará com suas “atividades ordinárias”, disse o líder dos republicanos em discurso que marcou o início do novo período parlamentar.

O processo avançou com rapidez na Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, mas a presidente Nancy Pelosi se nega a enviar o expediente para a outra Casa enquanto não houver uma base “justa” para o impeachment.

No Senado, dominado pelos republicanos, é praticamente nula possibilidade de Trump ser destituído.

Trump é acusado de abusar de seus poderes por pedir à Ucrânia que investigasse o democrata Joe Biden, e por bloquear os esforços dos legisladores em investigar suas ações.



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