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Justiça japonesa emite ordem de prisão contra Carole Ghosn

A ordem foi emitida em meio às repercussões da fuga de Ghosn e que levou as autoridades a analisarem a introdução de controles fronteiriços mais estritos e a reverem os pedidos de fiança

Correio Braziliense
postado em 07/01/2020 12:10
O anúncio deste mandado de prisão coincide com outro emitido contra Carlos Ghosn no início de janeiroA Justiça japonesa emitiu um mandado de prisão contra Carole Ghosn, suspeita de "falso testemunho" na investigação em curso contra seu marido, Carlos Ghosn - anunciaram as agências de notícias Kyodo News e Jiji nesta terça-feira (7/1).

A ordem foi emitida em meio às repercussões da fuga de Ghosn e que levou as autoridades a analisarem a introdução de controles fronteiriços mais estritos e a reverem os pedidos de fiança.

O anúncio deste mandado de prisão coincide com outro emitido contra Carlos Ghosn no início de janeiro, pela Interpol, dias depois de sua fuga para o Líbano.

Segundo um comunicado da Procuradoria de Tóquio, Carole Ghosn teria dado declarações falsas à Justiça japonesa em abril de 2019, ao ser questionada sobre suas reuniões com uma pessoa, cujo nome não foi revelado.

Até pouco tempo uma fluente, mas discreta, figura no mundo da moda em Nova York, Carole Ghosn liderou uma campanha internacional para libertar seu marido, defendendo sua inocência. Ainda não está claro qual papel ela desempenhou em sua fuga.

Carole, que passou a maior parte da sua vida nos Estados Unidos e também tem nacionalidade libanesa, encontrou seu marido na semana passada.

Após mais de 100 dias preso, em abril de 2019, o ex-CEO da Renault e da Nissan havia sido solto sob fiança no Japão, à espera do julgamento por suspeita de malversação financeira. Estava proibido de deixar o Japão até ser julgado.

A esposa do então poderoso magnata da indústria automotiva chegou a pedir ao presidente francês, Emmanuel Macron, e à Casa Branca que intercedessem para libertar seu marido.

Uma autoridade do governo japonês reagiu às críticas de Ghosn contra o sistema judicial em que, segundo ele, "prevalece a presunção de culpa".

"A expressão de justiça do refém, utilizada contra o sistema japonês, não tem base, já que não é verdade que os interrogatórios tenham como objetivo obter uma confissão", afirmou a autoridade.  

Saiba Mais

Carlos Ghosn acusa os diretores da Nissan de um complô para evitar uma maior integração com seu parceiro da aliança, a Renault francesa.

A fuga de Ghosn ainda não totalmente esclarecida.

Indícios sugerem que ele recebeu ajuda de um especialista em segurança e aproveitou as brechas de segurança no aeroporto japonês de Kansai.

Segundo as câmeras de vigilância, ele saiu sozinho de sua residência em Tóquio. Teria, então, encontrado dois cidadãos americanos e viajado em um trem de alta velocidade para Osaka, em 29 de dezembro.

Já em Osaka, teria se escondido em uma caixa embarcada no avião particular que voou para Istambul.

De acordo com os regulamentos de segurança do aeroporto, grandes pacotes que entram em um avião particular estão isentos de vistoria, um vácuo que poderia ter ajudado Ghosn a escapar sem ser visto.

Em Istambul, embarcou em um segundo avião que o levou para o Líbano. Neste país, entrou usando um passaporte francês.

De acordo com as condições de sua prisão, os três passaportes à sua disposição - francês, libanês e brasileiro - foram apreendidos e eram mantidos por seus advogados.

As autoridades permitiram, porém, que ele mantivesse um segundo passaporte francês - em uma caixa trancada por seus advogados - com seu visto de curta duração, caso viajasse pelo Japão, o que podia fazer por no máximo três dias.

Seus advogados no Japão disseram não ter ideia dos planos de Ghosn.

A Interpol, a agência internacional de cooperação policial, emitiu um "alerta vermelho" para a prisão de Carlos Ghosn, mas Beirute e Tóquio não têm tratado de extradição.

Não está claro se um alerta semelhante pode ser emitido para Carole Ghosn.

A prisão do executivo surpreendeu a indústria automobilística, onde se tornou eminência após reverter a queda da Nissan.

Ghosn deve dar uma coletiva de imprensa em Beirute na quarta-feira. Ele disse à Fox Business que tem "evidências" que provam que as acusações contra ele são, na verdade, uma conspiração.

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