Correio Braziliense
postado em 08/01/2020 04:05
As forças de segurança de Nicolás Maduro bem que tentaram impedir, mas Juan Guaidó conseguiu, ontem, entrar no prédio da Assembleia Nacional da Venezuela e tomar posse como presidente do Parlamento, cargo que, agora, “divide” com o ex-aliado Luis Parra. O líder da oposição prestou juramento num plenário iluminado por lanternas de celulares depois que a energia elétrica foi cortada. Deixou o local em meio a bombas de gás lacrimogêneo. E convocou três dias de protestos contra Maduro, entre amanhã e sábado.
Minutos antes, quem estava no comando da AN era o rival Parra autoproclamado presidente do Legislativo com apoio do chavismo no último domingo. Com a entrada de Guaidó e sua entourage, ele suspendeu a sessão e deixou o plenário. Assim que o líder opositor começou a entoar o hino nacional venezuelano, o Congresso ficou às escuras.
“Hoje (ontem), nós, deputados da Assembleia Nacional, eleitos pelo voto do povo, derrotamos a vontade de um golpe legislativo orquestrado pela ditadura e seus cúmplices. Aqueles que pretendiam usurpar durante algumas horas a Mesa Diretora da Assembleia fugiram como covardes que são”, tuitou Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países.
Reação
O líder da oposição disse esperar reação do governo após o episódio, que classificou como “uma derrota política” a Nicolás Maduro. “É necessário estarmos unidos e mobilizados”, acrescentou. Na mesma rede social, o secretário norte-americano de Estado, Mike Pompeo, afirmou que a Casa Branca continua ao lado de Guaidó. “Os Estados Unidos continuarão a apoiar o presidente Juan Guaidó e o povo da Venezuela, e vai reunir todas as outras nações do globo comprometidas com a liberdade a fazer o mesmo. Nós fazemos isso porque Ocidente deveria ser um lugar de liberdade”, assinalou Pompeo.
Guaidó chegou à sede do Congresso em uma caminhonete, acompanhado por uma caravana de ônibus na qual estavam deputados também da oposição, após percorrer cerca de cinco quilômetros do centro de Caracas. Militares da Guarda Nacional impediram a sua passagem pela parte leste do edifício. “Isso não é um quartel!”, gritou-lhes o líder opositor, carregado nos ombros por aliados. Acabou furando o cerco militar por outro acesso.
No domingo, depois de ser barrado na Assembleia, enquanto Parra se autoproclamava o novo chefe do Legislativo, Guaidó foi reeleito numa sessão realizada com 100 parlamentares nas instalações do jornal El Nacional, crítico a Maduro.
Os EUA e países latino-americanos contestaram com veemencia a atitude de Parra, que rompeu com Guaidó há um mês. Ontem, a vice-secretária adjunta do Departamento de Estado americano para Cuba e Venezuela, Carrie Filipetti, disse que, se a segurança de Guaidó estiver em risco, os Estados Unidos vão aumentar a pressão para propiciar a saída de Maduro, cuja reeleição, em maio de 2018, não reconhece por considerá-la “fraudulenta”.
“Aqueles que pretendiam usurpar durante algumas horas a Mesa Diretora da Assembleia fugiram como covardes que são”
Juan Guaidó, líder da oposição, no Twitter
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