Correio Braziliense
postado em 09/01/2020 08:39
Professores, advogados, médicos e funcionários ferroviários saem às ruas nesta quinta-feira (9/1) na França para pressionar o presidente Emmanuel Macron a recuar em sua controversa reforma previdenciária após mais de um mês de greves e mobilizações.
Com a promessa de criar um sistema "mais justo" em que cada euro cotado gere os mesmos direitos para todos, o presidente francês quer unificar o sistema de aposentadoria do país, onde coexistem atualmente 42 regimes diferentes.
Também pretende aumentar a idade para receber aposentadoria integral, de 62 para 64 anos, uma "linha vermelha" para os sindicatos, que consideram essa medida "injusta e injustificada".
Em 5 de dezembro, no primeiro dia da greve nacional contra a reforma, mais de 800.000 pessoas foram às ruas em todo país em rejeição ao projeto. Essa nova convocação, a quarta em pouco mais de um mês, será crucial.
Depois de mais de um mês de manifestações e greves, principalmente nos transportes, o apoio à mobilização começou a cair.
Segundo uma pesquisa, pouco mais de 60% da população francesa continua apoiando os manifestantes, 5 pontos a menos do que em meados de dezembro.
A questão da Previdência é delicada na França, que tem um sistema considerado, até agora, um dos mais protetores do mundo.
Trens, metrôs e voos afetados
A companhia ferroviária nacional, SNCF, pediu aos moradores da região de Paris que optem por outros meios de locomoção nesta quinta-feira. Apenas um em cada três trens suburbanos funcionará, e uma afluência significativa nas estações pode ser "perigosa".
"Para a segurança de todos, e na medida do possível, a SNCF recomenda não ir às estações e usar outras soluções de transporte, como o compartilhamento de carros", afirmou a empresa.
Também estão previstas fortes perturbações nos trens de longa distância que conectam as principais cidades da França: nos Thalys, que conectam Paris à Bélgica, à Holanda e à Alemanha; e no Eurostar, que vai a Londres.
Saiba Mais
Na falta de transporte público, muitos parisienses têm optado por ir para seus locais de trabalho, ou estudar, de bicicleta, ou a pé.
Após 36 dias de greve ininterrupta, a paralisação nos transportes bate recordes. É a mais longa desde a criação da companhia ferroviária francesa em 1938.
Também são esperados distúrbios na aviação, bem como nas refinarias, várias das quais votaram a favor de uma greve até o final da semana, provocando temores de falta de combustível.
Muitas escolas também amanheceram fechadas. A Torre Eiffel, um dos monumentos mais visitados do mundo, não abrirá suas portas ao público, porque uma parte de seus trabalhadores está em greve.
Os advogados, que com o projeto Macron perderão seu regime de aposentadoria autônomo, também estarão mobilizados. Desde segunda-feira, 70.000 aderiram à greve em todo país.
As negociações entre o governo e os sindicatos estão estagnadas.
Na terça-feira, dia em que as discussões foram retomadas após as festas de final de ano, ambas as partes permaneceram firmes em suas posições.
Novas negociações foram marcadas para sexta-feira (10).
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