Correio Braziliense
postado em 09/01/2020 07:45
A tensão entre EUA e Irã vai dificultar as investigações do acidente com o Boeing 737 que caiu nesta quarta-feira, 8, em Teerã. Todos os 176 ocupantes da aeronave da Ukraine International Airlines, que seguia para Kiev, morreram no acidente, que ocorreu logo após a decolagem do aeroporto internacional da capital iraniana.
O Irã disse na quarta que não entregará as caixas-pretas à americana Boeing, fabricante do avião, segundo a agência de notÃcias iraniana Mehr. O aviso indica que o governo também não deve colaborar com outras autoridades dos EUA, como o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês). O chefe da Organização de Aviação Civil do Irã, Ali Abedzadeh, disse que não está claro qual paÃs analisará as caixas-pretas do Boeing 737-800.
Pouco depois da queda, a embaixada ucraniana em Teerã atribuiu o acidente a uma "pane em um motor da aeronave, por razões técnicas", dizendo excluir "a tese de ataque terrorista". Depois, removeu o trecho do comunicado.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, pediu a todos que "se abstenham de especular" sobre a queda. Ele interrompeu suas férias em Omã, ordenou uma investigação do acidente e a inspeção de toda a frota aérea civil ucraniana. Já o chanceler Vadym Prystaiko disse que Ucrânia e Irã concordaram em "coordenar as investigação para determinar a causa do acidente".
Segundo autoridades da Ucrânia, o avião levava 82 iranianos, 63 canadenses, 10 suecos, 4 afegãos e 3 britânicos. Outros 11 eram ucranianos, incluindo os 9 tripulantes. O Canadá abriga uma grande diáspora iraniana. Na quarta, o premiê canadense, Justin Trudeau, pediu uma "investigação profunda".
A empresa aérea informou que o Boeing 737 foi construÃdo em 2016 e tinha passado por uma revisão técnica dois dias antes. "Era um dos nossos melhores aviões, com uma tripulação excelente e segura", declarou o presidente da empresa, Ievguen Dykhne.
Acidentes anteriores envolvendo a Boeing obrigaram paÃses rivais dos EUA a deixar de lado ressentimentos e permitir que especialistas americanos tivessem acesso aos locais dos acidentes. Na maioria dos casos, esses governos não tinham capacidade ou experiência para conduzir as investigações complexas sozinhos. Mas, em meio à s hostilidades entre rã e EUA, qualquer entendimento parece estar longe.
Horas antes do acidente, o Irã havia lançado mÃsseis contra bases militares dos EUA no Iraque, em retaliação pela morte do general Qassim Suleimani, ordenada pelo presidente Donald Trump.
Também ainda não está claro se o NTSB, outras agências reguladoras de aviação dos EUA ou a Boeing estariam dispostos a endossar uma investigação iraniana, mesmo que a apuração fosse solicitada por autoridades do Irã.
A norma em casos de acidentes aéreos, segundo o Anexo 13 da Convenção sobre Aviação Civil Internacional, é que o Estado onde ocorre um acidente é responsável pelas investigações, mesmo que o NTSB possa "designar um representante credenciado dos EUA e nomear consultores para cumprir procedimentos e recomendações de segurança a partir do Estado de ocorrência". O Irã ratificou essa convenção em 1950.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse nesta quarta que o governo americano pediu uma cooperação total com qualquer investigação sobre a causa da queda. Pompeo afirmou, em comunicado, que os EUA estão preparados para oferecer à Ucrânia toda a assistência possÃvel.
"Estamos prontos para prestar (nossa) assistência", disse um porta-voz da Boeing, rejeitando dizer se, em razão do embargo dos EUA, os funcionários do grupo seriam autorizados a viajar para Teerã. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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