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Presidente de Taiwan é reeleita, apesar da intimidação da China

Com campanha contra o autoritarismo de Pequim, Tsai Ing-wen recebeu 57,1% dos votos

Correio Braziliense
postado em 11/01/2020 13:22

China promete recuperar o controle da ilhaA atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que fez campanha contra o autoritarismo de Pequim, foi reeleita neste sábado para um novo mandato, apesar da campanha de intimidação econômica e diplomática do poder comunista para isolar a ilha.  

 

"Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos nosso modo de vida livre e democrático e nossa nação", disse Tsai à imprensa quando anunciou sua vitória. 

 

A China considera Taiwan uma de suas províncias e prometeu um dia recuperar o controle, à força, se necessário. 

 

"Espero que as autoridades de Pequim entendam que Taiwan é um país democrático, e que nosso governo democraticamente eleito não ceda a ameaças e intimidações", acrescentou Tsai Ing-wen.

 

Taiwan, uma ilha com cerca de 23 milhões de pessoas, está politicamente separada da China há sete décadas. 

 

No entanto, é considerada um país independente apenas por algumas capitais, cujo número diminuiu nos últimos anos. 

 

No sábado, 19 milhões de eleitores foram convocados a decidir entre duas visões divergentes do futuro do território e suas relações com Pequim, seu maior parceiro comercial. 

 

A presidente Tsai Ing-wen, que se apresenta como garantidora dos valores democráticos contra o poder comunista considerado autoritário do presidente chinês Xi Jinping, foi reeleita com 57,1% dos votos. 

 

Ela obteve 8,1 milhões de votos - 1,3 milhão a mais do que nas eleições anteriores de 2016. 

 

"A vitória de Tsai Ing-wen é um tapa na cara de Pequim porque os taiwaneses não cederam à intimidação", disse à AFP o analista político Hung Chin-fu, da Universidade Nacional Cheng Kung em Taiwan. 

 

- Endurecimento -

 

Desde a chegada de Tsai Ing-wen ao poder, Pequim cortou as comunicações oficiais com a ilha, intensificou seus exercícios militares, endureceu as pressões econômicas e arrancou de Taiwan sete de seus aliados diplomáticos. 

 

As tensões são altas entre os dois lados do Estreito de Taiwan porque Tsai se recusa a reconhecer o princípio da unidade de Taiwan e China dentro do mesmo país - como reivindicado pelo poder comunista. 

 

Pequim não reagiu imediatamente aos resultados das eleições presidenciais de Taiwan.

 

"Mas, obviamente, não está feliz", observa Joshua Eisenman, analista político da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. 

 

"Continuarão firmes em relação a Tsai Ing-wen ou optarão por uma abordagem mais flexível... essa é a grande questão", enfatiza.

 

Até agora, as pressões de Pequim sobre a administração de Tsai Ing-wen têm sido "relativamente fracas", disse Jonathan Sullivan, especialista chinês da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. 

 

Mas a vitória de Tsai pode mudar a atitude de Pequim. 

 

Ataques cibernéticos, investimentos na mídia da ilha para obter uma imagem mais favorável e até demonstrações de força militar não podem ser descartadas, afirma Sullivan. 

 

Já no final de dezembro, Pequim enviou o "Shandong", seu primeiro porta-aviões de design 100% chinês, ao Estreito de Taiwan. 

 

Nessa disputa presidencial, Tsai se opôs a Han Kuo-yu, que defendia o aquecimento das relações com Pequim. 

 

Han, que admitiu a derrota (38,6% dos votos), disse a uma multidão de eleitores em sua cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, que ligou para a presidente Tsai para parabenizá-la. 

 

Washington foi uma das primeiras capitais a estender seus parabéns à líder de Taiwan. 

 

"Os Estados Unidos felicitam Tsai Ing-wen por sua reeleição presidencial em Taiwan", disse o ministro das Relações Exteriores Mike Pompeo em comunicado.

 

"Sob sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um exemplo brilhante para os países que lutam pela democracia", disse o secretário de Estado americano.

 

Washington rompeu laços diplomáticos com Taipé em 1979, reconhecendo Pequim como o único representante da China. 

 

Os Estados Unidos, no entanto, continuam sendo seu aliado mais poderoso e principal fornecedor de armas.

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