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Iraque teme colapso econômico

Correio Braziliense
postado em 14/01/2020 04:16
Base de Ain al-Asad abriga tropas americanas: decisão de expulsá-las


A ameaça de imposição de “sanções como nunca vistas” feita pelo presidente norte-americano, Donald Trump, tem preocupado autoridades iraquianas. Há um temor de que o país sofra um colapso econômico, especialmente se for adotado o bloqueio ao acesso à conta no Federal Reserve (Fed), em Nova York, onde estão as receitas provenientes do petróleo. A commoditie representa 90% do orçamento estatal do Iraque.

Segundo fontes ouvidas pela agência France-Presse de notícias (AFP), Washington enviou uma mensagem direta ao gabinete do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi  informando que, se as tropas americanas forem expulsas, a conta será  bloqueada. “Somos um país produtor de petróleo. Essa conta está em dólares. Impedir o acesso a ela significa fechar completamente a torneira”, disse uma autoridade iraquiana. Um segundo responsável alertou que, com a medida, o governo não conseguirá pagar despesas diárias e salários.

A decisão de expulsar forças militares estrangeiras foi anunciada pelo Parlamento no último dia 5, dois dias depois de um drone dos Estados Unidos matar uma dúzia de pessoas em Bagdá, incluindo o general iraniano Qassem Soleimani e seu braço direito no Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis. Nesse contingente, há 5.200 militares americanos, que ajudam, desde 2014, soldados locais a combaterem extremistas.

De acordo com o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, líderes iraquianos lhe confessaram que aceitam a presença das tropas americanas no seu país, apesar de declararem oficialmente o contrário. “Não admitirão publicamente, mas em particular todos celebram o fato de os Estados Unidos permanecerem lá executando sua campanha contra o terrorismo.”  Pompeo ressaltou ainda que as tropas americanas são um apoio fundamental para que o Estado Islâmico (EI) não volte e “dão a oportunidade para que os iraquianos tenham a soberania e a independência que a maioria deseja”.

“Tentativa de politizar”

Segundo maior produtor na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Iraque teve, em 2019, um orçamento estatal de US$ 112 bilhões. A conta no Fed foi aberta em 2003, após a invasão militar dos Estados Unidos que tirou Saddam Hussein do poder. Conforme a Resolução 1.483 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que diminuiu as sanções e o embargo do petróleo imposto ao Iraque depois da decisão de Saddam de invadir o Kuwait, todos os recursos provenientes das vendas de petróleo do Iraque devem ir para essa conta.

O Federal Reserve se recusou a comentar as ameaças de Trump a esse respeito. Uma fonte do Departamento de Estado relatou à AFP que “a tentativa de politizar as remessas em dólares preocupa o banco, pois afeta seu prestígio e integridade, no relacionamento diário com os clientes”. Os planos de Washington são de “restringir” o acesso a “um terço” da liquidez “que normalmente envia” a Bagdá. Hoje, a conta totaliza cerca de US$ 35 bilhões.




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