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Estrela gigante pode estar prestes a explodir


Astrônomos e observadores amadores não tiram o olho da  gigante Betelgeuse, que está entre as 10 estrelas mais brilhantes da Via Láctea. Há pelo menos dois meses, ela tem perdido a luminosidade, um sinal de que poderemos presenciar um fenômeno raríssimo na nossa galáxia: a explosão de uma estrela em supernova.
Se estiver ficando sem “combustível” (da fusão nuclear), a Betelgeuse pode estar morrendo. Dessa forma, seu coração se fundirá em si mesmo e formará uma estrela de nêutrons, um objeto muito compacto que cria uma onda de choque deslocando completamente a estrela.

Da Terra, observaríamos, a olho nu, um ponto tão brilhante quanto a Lua no céu dia e noite. A isso se acrescentaria um belo espetáculo: “Um eco de luz que se propaga ao redor, como círculos na água”, descreve Pierre Kervalla, do Observatório de Paris. Depois de várias semanas, esse ponto desapareceria e formaria uma nebulosa, visível no céu por milhares de anos, como a do Caranguejo, resíduo da supernova que ocorreu em 1054 (relatada por astrônomos chineses).

“Seria um espetáculo inesquecível para toda a humanidade. Espero poder ver uma supernova na minha vida”, diz Eric Lagadec, do Laboratório Lagrange, na Riviera Francesa. A supernova ocorre apenas uma vez por século na Via Láctea. A última formação observada remonta a 1604.

A explosão de Betelgeuse é esperada, já que a estrela, de 10 milhões de anos, está de fato no fim da vida. No entanto,  é difícil prever com precisão quando ela morrerá. Pierre Kervalla explica que não há um sinal de alerta. “É como um terremoto. Um dia antes da explosão, a estrela será a mesma”, compara.

Monitoramento
Localizada na constelação de Orion, a supergigante vermelha é quase mil vezes maior que o Sol e brilha intensamente no céu no inverno, quando é vista a olho nu graças à coloração laranja. De acordo com Kervalla, a estimativa é de que sua lumiosidade caiu cerca de 70% desde meado de novembro. Astrônomos foram alertados por observadores amadores e, no mês passado, iniciaram uma vasta campanha de monitoramento, mobilizando os maiores telescópios do planeta, como o Very Large Telescope, no Chile.

Se a explosão realmente acontecer, não há risco para o nosso planeta, pois Betelgeuse está a 600 anos-luz de distância. “Se a vermos explodir daqui, significa que a explosão ocorreu fisicamente há 600 anos”, explica Kervalla. No plano científico, o evento permitirá aos astrônomos acompanhar diretamente, e pela primeira vez, as diferentes fases da explosão. A experiência é considerada uma oportunidade preciosa para medir a expansão do Universo.

“Seria um espetáculo inesquecível para toda a humanidade. Espero poder ver uma supernova na minha vida”
Eric Lagadec, do Laboratório Lagrange na Riviera Francesa