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Deputados sofrem atentado

Comitiva parlamentar é alvo de pauladas, pedradas e tiros, ao se aproximar do Palácio Federal Legislativo, em Caracas. Juan Guaidó, presidente autoproclamado do país, denuncia emboscada e culpa %u201Cditadura%u201D

Correio Braziliense
postado em 16/01/2020 04:06
Juan Guaidó (C) com Juan Pablo Guanipa (E) e Carlos Berrizbeitia (D), que estavam na caminhonete





A deputada venezuelana Delsa Solórzano foi enfática ao resumir, a pedido do Correio, o que enfrentou por volta das 11h de ontem em Caracas (meio-dia em Brasília). “O regime de Nicolás Maduro está disposto a assassinar os deputados. Eles têm armas, nós temos a palavra e a Constituição. Pretendiam nos matar”, desabafou. Solórzano contou que integrava uma comissão designada pela Assembleia Nacional — de maioria opositora — para verificar denúncias de militarização no entorno do prédio do Palácio Federal Legislativo. “Nós estávamos em um carro usado pelo presidente (Juan) Guaidó, o único veículo blindado. Policiais e militares impediam o acesso de veículos a cinco ou seis quadras do prédio. Quando chegamos a uma quadra do palácio, colectivos (grupos paramilitares armados leais ao governo) nos esperavam. Eles começaram a atacar o nosso carro com paus e pedras. Quando notaram a blindagem, dispararam contra nós”, relatou, por telefone.

“Foram muitíssimos tiros, mas três atingiram a camionete: um na porta do motorista, outro no banco traseiro de passageiro e um terceiro no vidro traseiro”, afirmou Solórzano, por telefonme. Além da parlamentar, seis pessoas estavam dentro do carro, entre elas, o vice-presidente da Assembleia, Juan Pablo Guanipa; e os também deputados Carlos Prosperi e Carlos Berrizbeitia. “Foi uma ação deliberada. Os colectivos não atuam por vontade própria, em local alternativo”, acrescentou Solórzano, chefe da fração parlamentar da Mesa de Unidade Democrática, que culpou Maduro. Não houve feridos, e o presidente autoproclamado da Venezuela estava em outro local.

Em seu perfil no Twitter, Guaidó publicou fotos dos vidros estilhaçados da caminhonete e de dois suspeitos pelo atentado, um deles sobre uma motocicleta. “Denunciamos a emboscada contra os parlamentares, a imprensa livre, os professores e o Palácio Federal Legislativo. Os grupos paramilitares da ditadura, em cumplicidade com as Forças Armadas, atentaram de maneira brutal com objetos contundentes, disparos e detonações”, escreveu. De acordo com Guaidó, “uma ditadura criminosa não será suficiente para deter a mudança”. Carros que levavam jornalistas foram atingidos, e professores sofreram agressões durante protesto no local.

O deputado Juan Pablo Guanipa divulgou no Twitter um vídeo em que se vê um homem batendo com um cone de trânsito na janela traseira de uma caminhonete e depois outro indivíduo atirando uma pedra, que a quebra.

Provocação

A Assembleia Nacional realizaria uma sessão às 10h30 de ontem (11h30 em Brasília) para debater a crise do setor educacional e a perda do poder aquisitivo da população. Ante a impossibilidade de utilizar o prédio do Palácio Federal Legislativo, os deputados assistiram à sessão em um anfiteatro de El Hatillo, na zona leste da capital venezuelana. O presidente da governista Assembleia Constituinte e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, convocou uma sessão do órgão no mesmo dia e hora. “Vamos celebrar quantas sessões forem necessárias para proteger estes espaços”, disse Cabello, durante rápida reunião dos constituintes. Ele exortou os simpatizantes do governo a manterem “presença permanente” em frente ao Palácio Federal Legislativo e anunciou uma série de atividades políticas nos próximos dias.

Em 5 de janeiro, Guaidó foi empossado como presidente da Assembleia Nacional, depois da aprovação de 100 deputados aliados. Naquele mesmo dia, no entanto, o congressistas Luis Parra foi anunciado para a mesma posição, ao receber apoio chavista. A decisão foi vista por Guaidó como um “golpe de Estado parlamentar”.






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