O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou nesta quinta-feira (16/1) que trabalha "diariamente para impedir a guerra", alguns dias depois que Washington e Teerã se enfrentaram no Iraque.
Em um discurso televisionado, Rohani acrescentou: "para mim, é uma preocupação diária".
Rohani deu essas declarações depois que Teerã atacou alvos militares dos Estados Unidos no Iraque, em 8 de janeiro, em resposta ao assassinato por Washington do general iraniano Qassem Soleimani cinco dias antes em Bagdá.
Este último pico de tensão provocou pedidos de desescalada em um mundo que teme um conflito generalizado no Oriente Médio.
Na quarta-feira, Rohani assegurou que o Irã obteve, por meio dos ataques com mísseis contra bases usadas pelo Exército americano, "a compensação militar" desejada pela morte de Soleimani, arquiteto da estratégia de seu país no Oriente Médio.
Em seu discurso nesta quinta-feira, ele garantiu que as represálias iranianas, que causaram danos materiais significativos - mas nenhuma vítima segundo o Exército americano -, reforçaram a dissuasão iraniana diante das "ameaças" do presidente americano, Donald Trump.
Um moderado no tabuleiro de xadrez político de seu país, Rohani também defendeu a política de abertura ao mundo que ele adotou desde sua primeira eleição em 2013, e que está sendo criticada pelos ultraconservadores.
Ele voltou à questão do pacto nuclear iraniano internacional assinado em 2015. Com este acordo, "provamos na prática que é possível interagirmos com o mundo", afirmou Rohani, reconhecendo: "é claro que é difícil".
"Eles nos dizem: há pessoas em quem vocês não devem confiar", continuou, referindo-se aos discursos dos ultraconservadores iranianos sobre a Europa e os Estados Unidos.
"Isso é verdade e, se nos deparássemos apenas com pessoas dignas de confiança, a tarefa seria simples e fácil", acrescentou, também se referindo à natureza "imprevisível" de Donald Trump.
"As pessoas nos elegeram e uma das tarefas que nos confiaram consiste em reduzir a tensão e a animosidade" entre a República Islâmica e o mundo exterior, disse Rohani.
O presidente fez as observações na véspera de um esperado discurso do guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que presidirá a grande oração muçulmana semanal em Teerã na sexta-feira pela primeira vez em quase oito anos.
Khamenei reitera regularmente que os europeus não são confiáveis e proibiu qualquer diálogo com o governo de Donald Trump.
Reação europeia
Nesta quinta, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu ao ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, que "preserve" o acordo nuclear. A declaração foi dada em um encontro entre ambos em Nova Délhi, informou sua assessoria.
"Borrell destacou o contínuo interesse da UE em preservar o acordo, que agora é mais importante do que nunca, à luz das perigosas escaladas no Oriente Médio e na região do Golfo", aponta um comunicado da diplomacia europeia.
Firmado entre Teerã, China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, este acordo corre o risco de se desintegrar desde que foi abandonado de forma unilateral pelos Estados Unidos, em 2018, e com a retomada das sanções econômicas ao Irã.
Em resposta à retirada de Washington, Teerã também reduziu seus compromissos, no que se referente à redução de suas atividades nucleares. Na terça, os europeus anunciaram a ativação de um mecanismo para tentar obrigar o Irã a respeitar o que foi pactado.
Durante esta "conversa franca", em paralelo à conferência multilateral na Índia, ambos decidiram "se manter em contato" nas próximas semanas. Um porta-voz da Comissão Europeia disse que Borrell mantém seu convite a Zarif para que viaje à UE.
A reunião entre ambos é a primeira desde a escalada da tensão entre Irã e Estados Unidos.
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