O ex-presidente boliviano Evo Morales retratou-se nesta quinta-feira (16/1) de sua proposta feita no último final de semana de Buenos Aires de formar "milícias armadas", como as venezuelanas em caso de retorno ao seu país, o que gerou questionamentos.
"Alguns dias atrás, palavras minhas sobre a formação de milícias foram divulgadas. Eu as retiro. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz", afirmou ele em uma carta pública divulgada no Twitter.
O ex-chefe de Estado boliviano provocou protestos na Bolívia e na Argentina, país onde é refugiado político desde 12 de dezembro passado, depois de declarar no final de semana em uma estação de rádio que "daqui a pouco tempo, se voltasse, é preciso organizar milícias armadas, como as da Venezuela".
Em sua nota de retificação, Morales disse que "não quero que nada que tenha dito seja usado como pretexto para perseguir e reprimir minhas irmãs e irmãos".
As declarações de Morales provocaram protestos da União Cívica Radical da Argentina, cujo presidente Alfredo Cornejo questionou o status de refugiado do ex-presidente boliviano.
Depois de saber dessa retração pública, a ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Karen Longaric, comentou: "Na verdade, isso já é irrelevante, porque já é sabido todas as intenções que tem com o país e com o povo boliviano".
O governo de transição da Bolívia sustenta que as declarações de Morales se enquadram nos crimes de sedição e terrorismo e as adicionou a uma investigação.
Jean Arnault, enviado especial da ONU para a Bolívia, disse na quarta-feira que a organismo "se soma à rejeição expressa por muitos atores nacionais às declarações recentes" do ex-presidente.
Paralelamente, um grupo de militares aposentados enviou uma carta ao ministro da Defesa, Luis Fernando Peredo, na qual revelam que Morales, que chegou ao poder em 2006 e governou até sua demissão em 10 de novembro, planejou em 2014 a formação de um "Guarda Nacional do Estado Plurinacional da Bolívia".
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