Mundo

Bebês de mães com zika nascidos sem sintomas têm atraso de desenvolvimento

O estudo, publicado nesta segunda-feira (6) na revista americana JAMA Pediatrics, acompanhou 70 bebês nascidos entre agosto de 2016 e novembro de 2017

Correio Braziliense
postado em 17/01/2020 13:14
Segundo os pesquisadores, essas crianças se atrasaram alguns meses em média A grande maioria das crianças cujas mães contraíram o vírus da zika durante a gravidez nascem sem as temidas más-formações, como a microcefalia. Mas um estudo realizado em 70 crianças aparentemente normais ao nascer na Colômbia revelou leves atrasos em seu desenvolvimento. 

O estudo, publicado nesta segunda-feira (6) na revista americana JAMA Pediatrics, acompanhou 70 bebês nascidos entre agosto de 2016 e novembro de 2017, no auge de uma epidemia que se espalhou pela América do Sul e levou a Organização Mundial da Saúde a declarar emergência global. Brasil e Colômbia estão entre os países mais afetados.

Os bebês provenientes do estado colombiano de Atlântico foram avaliados do nascimento até os 18 meses de idade para responder a esta pergunta: entre 90% e 95% dos nascidos de uma mãe infectada que parecem normais ao nascer se veem afetados pela zika de formas mais sutis?

Segundo os pesquisadores, essas crianças se atrasaram alguns meses em média nas principais etapas de desenvolvimento: habilidades motoras, como virar, sentar, engatinhar, caminhar e subir escadas.

Também mostraram atrasos no desenvolvimento de ferramentas sociais e cognitivas, como esperar sua vez para chutar a bola, ou responder em alguns jogos interativos. 

"Para a maioria dos bebês, o efeito não é muito grande", disse à AFP Sarah Mulkey, neurologista pediátrica do Hospital Infantil de Washington, que realizou o estudo. "Esses são atrasos que você não necessariamente notaria, a menor que fizesse testes específicos". 

Os atrasos foram medidos através de um questionário de 50 perguntas, que os pais deveriam responder duas vezes entre os quatro e os 18 meses. 

Atrasos motores

Outro teste visual padronizado encontrou uma diferença entre as capacidades motoras em uma parte das crianças apenas, aqueles cujo ultrassom após o nascimento tinha revelado pequenas anomalias no cérebro, que geralmente não causam preocupação e não são específicas do zika.

Cerca de um terço das crianças tinham essas anomalias, como por exemplo pequenos cistos no cérebro, em comparação com uma média de 2% a 5% da população, explicou Mulkey. Essas crianças pareciam desenvolver suas habilidades motoras um pouco tarde.  

Os pesquisadores não sabem se os atrasos pioram com a idade, pois os conhecimentos desta faceta do zika ainda são incipientes. 

"Ainda não se sabe como as crianças serão afetados aos cinco ou oito anos de idade, já que nenhum alcançou essas idades", disse Mukley. "Isto mostra que todos os bebês expostos ao zika devem ser acompanhados a longo prazo, quer estejam normais no nascimento, ou não". 

"É preciso acompanhá-los até que comecem a escola, e talvez mais tempo, para compreender o impacto total do vírus no desenvolvimento do cérebro". 

Os estudiosos obtiveram novo financiamento para continuar acompanhando essas crianças até os cinco anos

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags