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Propagação de novo vírus na China revive temores da SARS

O coronavírus pertencente a uma família de vírus que inclui aqueles que causam desde o resfriado comum até doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS)

Correio Braziliense
postado em 21/01/2020 10:05
O número de mortos por um novo vírus da China que é transmissível entre humanos subiu para seis, disse o prefeito de Wuhan em entrevista a emissora estatal CCTVOs cientistas se perguntam sobre a origem e as consequências do misterioso vírus da família da SARS que se propaga rapidamente pela China, onde matou seis pessoas e infectou quase 300, e que já chegou à Tailândia, ao Japão e à Coreia do Sul.

O que é o coronavírus?

A agência de saúde da ONU aponta que o surto da doença na cidade de Wuhan, no centro da China, tem origem em microrganismos nunca vistos, pertencente a uma grande família de vírus que inclui aqueles que causam desde o resfriado comum até doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS).

Segundo o chefe do Departamento de Epidemiologia do Instituto Pasteur em Paris, Arnaud Fontanet, o novo microrganismo é o sétimo tipo conhecido de coronavírus que os humanos podem contrair.

"Acreditamos que a fonte pode ter sido animais vendidos no mercado de peixes da cidade e, de lá, passou para a população humana", disse à AFP.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que "uma fonte animal parece ser a origem primária mais provável (...) com uma transmissão limitada de pessoa para pessoa entre contatos próximos".

O surto causa alarme, por seu vínculo com a SARS, que matou 349 pessoas na China continental e outras 299 em Hong Kong, no período 2002-2003.

Fontanet disse que o atual microrganismos viral atual é 80% geneticamente idêntica à SARS.

Até agora, 258 pessoas já foram diagnosticadas com o vírus na China, e o surto já matou seis.

Momento de pânico?

Fontanet declarou que este coronavírus parece ser "mais fraco" do que a SARS em sua forma atual, mas alertou que pode sofrer mutação para um microrganismo mais virulento.

"Não temos evidências para dizer que esse vírus sofrerá mutação, mas foi o que aconteceu com a SARS", apontou.

"O vírus circula há pouco tempo, então é muito cedo para dizer", acrescentou.

Quanto à transmissão de pessoa para pessoa, Zhong Nanshan, um renomado cientista da Comissão Nacional de Saúde chinesa, anunciou nesta terça-feira que está confirmado o contágio entre humanos.

Fontanet destacou, por sua vez, que o fato de o vírus se espalhar para além da China - para Japão e Tailândia - "nos faz temer que a transmissão entre humanos é provável".

Em um artigo publicado na sexta-feira, cientistas do Centro MRC de Análise Global de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres alertaram que o número de casos provavelmente chegará a 1.700, bem acima do número anunciado oficialmente.

A OMS recomendou que as pessoas se protejam do vírus lavando bem as mãos, tapando o nariz quando espirram, cozinhando bem a carne e os ovos e evitando o contato próximo com animais selvagens, ou de criação.

A melhor maneira de conter qualquer surto de doença é confirmar rapidamente a fonte, disse Raina MacIntyre, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney.

"Os animais estão sendo testados na região de Wuhan e devem fornecer algumas informações", comentou.

Especialistas disseram que as autoridades devem estar vigilantes e monitorar as pessoas que viajam de, ou para, Wuhan para detectar sinais de problemas respiratórios.

Lições aprendidas?

Fontanet declarou que as autoridades sanitárias chinesas têm respondido de forma admirável, testando rapidamente pacientes e vinculando casos ao mercado em questão.

"Aprendemos algumas lições com a SARS. Estamos mais bem armados e mais reativos", afirmou.

Adam Kamradt-Scott, especialista em disseminação e controle de doenças infecciosas da Universidade de Sydney, disse que a China "se apressou em compartilhar a sequência do genoma desse novo coronavírus".

"Isso permitiu a identificação deste novo caso no Japão", apontou.

Fontanet acrescentou que faltava transparência no início da epidemia de SARS, quando a China "escondeu a história por dois ou três meses" no início do surto.

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