Correio Braziliense
postado em 23/01/2020 04:34
O relatório anual intitulado Os direitos humanos na Arábia Saudita, 2019: o câncer da tirania, divulgado anteontem pela Organização Europeia pelos Direitos Humanos na Arábia Saudita, mostra que o ano passado foi o pior nas últimas décadas em termos de violações cometidas pela monarquia. No fim de 2019, 47 pessoas estavam sob ameaça de execução — seis tinham sido sentenciadas pela Justiça. Sob a autorização do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, houve 185 cumprimentos da pena capital, 60 somente em abril. Todas as execuções ocorreram por decapitação, de acordo com o dossiê.
Desde 2015, quando o monarca ascendeu ao poder, depois da morte do rei Abdullah, foram registradas 789 decapitações. As autoridades retiveram os corpos de 52 prisioneiros mortos, dos quais 19 enfrentaram execução extrajudicial por fuzilamento. O relatório também documentou prisões arbitrárias de mulheres e de jornalistas.
“A situação dos direitos humanos está em constante declínio e piora a cada dia. Isso porque não existem freios dentro do país. A imprensa livre foi eliminada e a sociedade civil, incluindo juízes e advogados, tem sido alvo de detenções”, afirmou ao Correio o saudita Ali Adubisi, diretor da Organização Europeia pelos Direitos Humanos na Arábia Saudita. “Os poderes de Mohamed bin Salman se ampliaram de modo bastante significativo, e ele passou a controlar tudo no país. Em 2019, houve mais violações, como a decapitação de pelo menos seis crianças, um número recorde em execuções (185) e tortura, além da falta de punição por abuso sexual contra mulheres ativistas dos direitos humanos.
Respaldo
Adubisi também lamenta que os apelos da comunidade internacional foram ignorados em vários “temas perigosos”, como a guerra no Iêmen e a investigação do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, torturado e esquartejado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia. “À luz das violações e crimes pelos quais o príncipe é acusado, está claro o papel do governo dos Estados Unidos na proteção do príncipe herdeiro. Creio que Mohamed bin Salman é incapaz de gerenciar essas crises resultantes de sua estupidez e imprudência, e depende apenas dos EUA para assegurar a aceitação internacional dele.” (RC)
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