Mundo

Banqueiro achado morto

Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 04:43

"As acusações que fizeram contra mim nos últimos dias são enganosas e falsas”
Isabel dos Santos, bilionária angolana



O banqueiro português Nuno Ribeiro da Cunha foi encontrado morto, em sua casa, em Lisboa. Ele era o responsável pelo gerenciamento das contas da bilionária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, no Banco Eurobic, do qual é a principal acionista. Segundo a polícia portuguesa, Cunha, 45 anos, se enforcou em sua garagem. O nome dele aparecia nos documentos conhecidos como Luanda Leaks, que levaram Isabel dos Santos a ser acusada de fraude, desvio de fundos públicos e lavagem de dinheiro pela Justiça de Angola.

Considerada a mulher mais rica da África, Isabel dos Santos foi denunciada por desvio de centenas de milhões de dólares em dinheiro público do país para contas pessoais em paraísos fiscais. A filha do ex-presidente angolano negou as acusações e se declarou “pronta para combater”, segundo um comunicado difundido por uma agência de comunicação baseada em Londres. “As acusações que fizeram contra mim nos últimos dias são enganosas e falsas”, afirmou.

Procurada da Justiça angolana, que quer levá-la a julgamento no país, Isabel dos Santos também foi acusada de tráfico de influência, abuso de bens sociais e falsificação de documentos quando era presidente do grupo público de petróleo angolano Sonangol, informou o procurador-geral Helder Pitta Gros.

A investigação de sua gestão à frente da Sonagol, entidade pública que comandou de junho de 2016 a novembro de 2017, começou depois que seu sucessor, Carlos Saturnino, denunciou “transferências irregulares de dinheiro”. Isabel é suspeita de ter aproveitado o apoio de seu pai para obter fundos estatais do país e investi-los no exterior com a ajuda de empresas ocidentais.

A bilionária deixou Angola depois que o seu pai, que governou o país por quase 40 anos, renunciou à presidência em 2017 e foi substituído por João Lourenço. Desde então, vive entre Londres e Dubai.

A acusação oficial contra ela foi formalizada três dias após a publicação do Luanda Leaks por parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, com sede em Nova York (ICIJ, na sigla em inglês), composto por 36 mídias e que mobilizou 120 jornalistas em 20 países. O grupo ficou conhecido em 2016 com o chamado Panama Papers, uma investigação sobre uma megassonegação de impostos.

“A investigação baseada na análise de mais de 715 mil documentos deixa em evidência as falhas do sistema regulatório internacional, que permite que empresas de serviços profissionais atendam aos poderosos praticamente sem fazer perguntas”, destacou o ICIJ.





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