Correio Braziliense
postado em 25/01/2020 04:06
Em plena campanha à reeleição, Donald Trump se tornou ontem o primeiro presidente dos Estados Unidos a participar, em pessoa, da Marcha pela Vida, tradicional manifestação antiaborto realizada anualmente em Washington. Aclamado pela multidão, que transformou o encontro num ato político, com cartazes exaltando a permanência de Trump na Casa Branca, o republicano atacou seus adversários democratas em discurso, ao fazer menção ao julgamento de impeachment que enfrenta no Senado. “Eles estão vindo atrás de mim porque estou lutando por vocês. E estamos lutando por aqueles que não têm voz nenhuma, e vamos ganhar porque sabemos como ganhar”, declarou Trump.
A decisão de Trump de comparecer à marcha — nos anos anteriores, ele enviou vídeos, como os antecessores — ocorreu no momento em que os Estados Unidos têm aprovado duras restrições a procedimentos de interrupção da gravidez. Para analistas, o fato de o presidente comparecer ao evento reforça a divisão no país em relação ao tema, justamente em um ano eleitoral, quando a polarização sobre diversos assuntos deve dominar a corrida à Casa Branca.
“Todos nós aqui entendemos a verdade eterna de que toda criança é preciosa e um presente sagrado de Deus”, assinalou Trump, acrescentando: “Juntos, devemos proteger, cuidar e defender a dignidade e a pureza de toda vida humana.”
Cada vez mais candidato, Trump vem tentando reforçar o vínculo com grupos conservadores que se opõem ao aborto. Em retribuição, no começo do mês, Susan Anthony List e seu grupo antiaborto anunciaram que doariam US$ 52 milhões para ajudar na reeleição do presidente e trabalhar em apoio da preservação da maioria republicana no Senado.
Os ativistas pelos direitos ao aborto, em contraponto, acusam Trump de promover uma agenda contrária à interrupção voluntária da gravidez e manifestam sua preocupação com o que consideram uma ameaça à decisão histórica da Suprema Corte, de 1973, que estabeleceu o direito à interrupção da gravidez na decisão Roe v. Wade.
A Marcha pela Vida teve início em 1974, um ano após o julgamento do caso, e passou a incluir vários eventos associados, entre eles missas católicas, um serviço nacional de oração e uma conferência e uma exposição.
De acordo com a última pesquisa nacional do Instituto Gallup sobre o tema, 21% dos americanos são contra o aborto em qualquer circunstância. O favoráveis em qualquer circunstância somam 25%. No meio, 53% defende o aborto em determinados casos. Os números são parecidos com os registrados em 1975, quando a sondagem foi realizada pela primeira vez. Várias vezes, desde que se elegeu, em 2016, Trump afirmou ser “pró-vida”, mas a favor da interrupção da gravidez em casos de estupro e incesto.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.