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Xi Jinping: 'Situação grave'

País proíbe venda de pacotes turísticos para o exterior, numa tentativa de conter a propagação do coronavírus. Presidente alerta para a rapidez com que a doença se espalha


A China intensificou, ontem, as medidas de isolamento, controle e prevenção para impedir a propagação da epidemia do coronavírus, que provocou uma “situação grave”, nas palavras do presidente chinês Xi Jinping. “Se mantivermos nossa confiança, trabalhando em cooperação com os estudos científicos de prevenção e seus respectivos tratamentos, aliados às políticas combativas, seremos, com certeza, capazes de vencer essa batalha”, destacou o mandatário do país.

Restrições de tráfego em Wuhan, o epicentro da epidemia, alerta máximo em Hong Kong, verificações sistemáticas nos transportes de norte a sul: a China luta para conter o vírus, que já causou 41 mortes no país e cerca de 1.300 infectados. A partir de amanhã, as agências de turismo estarão proibidas de vender pacotes a grupos, anunciou a emissora estatal chinesa CCTV.

O coronavírus continua se expandindo e já está presente em quatro continentes. A Europa registrou seus três primeiros casos na sexta-feira, em três pessoas que vivem na França e que estiveram recentemente em Wuhan. A Austrália também confirmou quatro casos, ontem, todos em pessoas que acabaram de voltar da China. Na Ásia, vários países registraram casos, e, nos Estados Unidos, um segundo foi confirmado na sexta-feira.

O estudo dos primeiros casos confirmados mostra que a taxa de mortalidade do vírus, da família do coronavírus, chamado de 2019-nCoV, é pequena. “É de menos de 5%”, explicou o professor Yazdan Yazdanpanah, especialista francês membro da Organização Mundial de Saúde (OMS), que atendeu pacientes na França.

Suspensão

As comemorações do Ano-Novo Chinês foram mínimas e pouco festivas. Nas ruas de Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes, por exemplo, não houve fogos de artifícios nem desfiles de dragões. Em Pequim e outras áreas da China, muitas celebrações acabaram suspensas. A capital parecia deserta, e os restaurantes estavam praticamente vazios.

Muitos locais turísticos, como a Cidade Proibida, ou partes da Grande Muralha, foram fechados para reduzir o risco de infecção. Wuhan se tornou praticamente uma cidade-fantasma, e as poucas pessoas que saem às ruas usam máscara protetora obrigatória. Desde quinta-feira, nem trens nem aviões podem deixar a cidade. Além de Wuhan, quase toda a província de Hubei está isolada do mundo, com cerca de 56 milhões de pessoas confinadas, o equivalente à população da África do Sul.

O Exército enviou três aviões com 450 médicos e pessoal da saúde para a área proibida. Alguns deles têm experiência na luta contra o vírus ebola e a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que matou 650 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003.

Os médicos militares trabalharão em diferentes hospitais da cidade, onde numerosos pacientes com pneumonia viral foram internados, informou a agência Xinhua. Os hospitais estão saturados. Um novo centro médico para mil pacientes está sendo construído na região e entrará em operação em 10 dias. Outro hospital com capacidade para 1.500 leitos estará pronto no surpreendente período de 15 dias, anunciou a imprensa estatal ontem. Quase todas as mortes, exceto duas, foram registradas em Wuhan ou na província de Hubei, grandes como a Síria.

Ontem, as autoridades anunciaram novas medidas em praticamente todo o país. Pontos de inspeção serão instalados, e todos os viajantes com sintomas de pneumonia serão “imediatamente transferidos” para um centro médico, segundo a Comissão Nacional da Saúde. Até o momento, a maioria dos óbitos foi de pessoas com mais de 65 anos ou que já tinham uma doença.

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Número de mortes que o coronavírus provocou até agora na China