Mundo

Rascunho de livro de Bolton afeta julgamento

Correio Braziliense
postado em 28/01/2020 04:20
John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, é considerado testemunha-chave no julgamento de Trump

Os advogados do presidente Donald Trump retomam ontem a defesa do republicano no julgamento político submetido ao Senado, ao mesmo tempo em que foram divulgadas informações comprometedoras contidas no manuscrito do livro do seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton. As revelações aumentam a pressão contra os republicanos no Senado para que aceitem receber Bolton como testemunha, algo que os democratas têm insistido em pedir às partes julgadoras para ser acatado. A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que a negativa da maioria republicana do Senado a ouvir o depoimento do ex-conselheiro e de outras testemunhas é “agora ainda mais indefensável”.

De acordo com reportagem publicada no domingo pelo jornal The New York Times, Bolton escreveu que o presidente lhe revelou que a ajuda militar à Ucrânia seria liberada somente depois de Kiev investigar o potencial rival eleitoral do magnata americano para as próximas eleições americanas, marcadas para 3 de novembro deste ano, o democrata Joe Biden. Trump é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso por causa do escândalo ucraniano.

“Nunca disse a John Bolton que a ajuda (militar) à Ucrânia estava vinculada a investigações aos democratas, incluindo Biden. De qualquer forma, ele nunca comentou sobre isso desde a sua demissão”, escreveu Trump em seu perfil no Twitter, na manhã de ontem. “Se John Bolton disse isso, foi apenas para vender um livro.”

Ao citar o manuscrito inédito de Bolton, o The New York Times escreveu que o presidente teria afirmado a Bolton que congelaria US$ 391 milhões em ajuda militar à Ucrânia até que os serviços de inteligência de Kiev o ajudassem em uma investigação envolvendo corrupção sobre Biden e seu filho, Hunter, que integrou a diretoria de uma empresa de gás ucraniana.

Advogado
“Não vi o manuscrito”, declarou Trump aos jornalistas quando questionado sobre o livro de Bolton, que foi enviado à Casa Branca para obter uma autorização de segurança. No começo das alegações da defesa do atual presidente, no último sábado, o advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, afirmou que Trump “não fez nada de mal” e que cabe aos eleitores, e não ao Congresso, decidir nas próximas eleições se o governo deve ou não continuar.

Segundo a defesa, a retenção da ajuda à Ucrânia não estava vinculada à investigação de Joe Biden, algo que as revelações do manuscrito de John Bolton contradizem. A maioria republicana na Casa, que tem 53 das 100 cadeiras, é um forte indício de que o julgamento provavelmente terminará com a absolvição do presidente. Também é necessária uma maioria de dois terços para que o impeachment contra Trump seja aprovado no Senado — ou seja, 67 votos a favor do seu julgamento.




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