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Indiciado por corrupção, Netanyahu retira pedido de imunidade

Em novembro de 2019, o primeiro-ministro foi acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indiciado por corrupção, anunciou nesta terça-feira que retirou o pedido de imunidade apresentado ao Parlamento, apenas uma hora antes do início da sessão que discutiria a questão.

"Informei ao presidente do Parlamento que retirei o pedido de imunidade. Mais tarde, desmentirei as acusações ridículas (...) formuladas contra mim", afirma em um comunicado o chefe de Governo, acusado de corrupção em três casos diferentes.

"Mas no momento não deixarei que meus adversários políticos utilizem isto para ofuscar o processo histórico que estou liderando", disse Netanyahu em Washington, onde nesta terça-feira será apresentado um plano de paz americano para o Oriente Médio.

O primeiro-ministro, que na segunda-feira se reuniu com o presidente americano Donald Trump, considerou que o projeto americano é "histórico".

O texto, porém, já foi rejeitado pelos palestinos, que romperam relações com o governo Trump após várias decisões favoráveis a Israel.

O plano pode servir de apoio a Netanyahu em sua campanha para as legislativas de 2 de março, que decidirão seu futuro político, bem como sua decisão de retirar o pedido de imunidade.

Tal pedido havia sido fortemente criticado pelos meios de comunicação e tinha poucas chances de ter sucesso, uma vez que ele não dispõe de maioria no Parlamento.

Em novembro de 2019, o primeiro-ministro foi acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos. Em janeiro, ele solicitou ao Parlamento que concedesse imunidade após as legislativas de março, confiando em uma vitória nas urnas que o proteja da justiça.

A lei israelense determina que um ministro indiciado deve renunciar, mas isso não se aplica ao primeiro-ministro. Embora ele possa permanecer no cargo, Netanyahu não tem imunidade na justiça.

Mas os partidos da oposição convenceram a maioria dos deputados a examinar sua demanda por imunidade antes das eleições, uma votação crucial que o primeiro-ministro corria o risco de perder.

"Jogo prejudicial"

O chefe de Governo, de 70 anos, rejeita as acusações e denuncia um "golpe de Estado" jurídico para encerrar sua carreira, a mais longa da história de Israel com quase 14 anos no poder, os últimos dez anos sem interrupção.

"Como não tive um julgamento justo, todas as regras do Knesset [Parlamento israelense] foram ultrajadas (...) decidi não deixar esse jogo prejudicial continuar", disse Netanyahu nesta terça-feira.

Seu principal rival nas legislativas, o ex-chefe militar Benny Gantz, voltou de Washington, onde conversou com Donald Trump sobre seu projeto para o Oriente Médio, para participar da sessão parlamentar que iria estudar e votar o processo de imunidade.

"Os cidadãos israelenses têm uma escolha clara: um primeiro-ministro que trabalhará para eles ou um primeiro-ministro ocupado consigo mesmo", disse Gantz nesta terça.

"Ninguém pode administrar um país e administrar três graves acusações de corrupção, malversação e abuso de confiança ao mesmo tempo", acrescentou.

"O réu Netanyahu precisa abandonar imediatamente a política, lidar com seus problemas criminais e deixar que a gente se ocupe de Israel", disse Nitzan Horowitz, chefe do partido de esquerda Meretz.

Depois da retirada do pedido de imunidade, os processos judiciais contra Netanyahu podem acelerar e começar antes mesmo das legislativas de 2 de março, segundo a imprensa israelense.