Correio Braziliense
postado em 29/01/2020 04:06
Após a derrota nas eleições antecipadas do último domingo, o fujimorismo sofreu ontem novo revés. A Justiça peruana determinou que Keiko Fujimori voltasse para a prisão, ao acolher uma petição do Ministério Público no processo em que ela é acusada por supostos pagamentos de propina a políticos pela Odebrecht. A líder opositora, de 44 anos, foi detida de imediato no tribunal.
“Imponho prisão preventiva pelo prazo de 15 meses à investigada”, declarou o juiz Víctor Zúñiga, após expor durante 10 horas os argumentos de sua decisão. A filha mais velha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que também se encontra detido, não era obrigada a comparecer ao tribunal. Ele chegou nos minutos finais da audiência.
O destino da líder opositora foi decidido cinco dias após as alegações finais feitas pelo promotor José Domingo Pérez e da advogada de defesa Giulliana Loza. Pérez solicitou 18 meses de prisão preventiva e alegou o risco de fuga do país, negada por Keiko, que anteriormente ficou 13 meses presa em razão das investigações. Ela recuperou a liberdade em 29 de novembro do ano passado, mas a promotoria logo apresentou novas acusações.
Segundo o Ministério Público, Keiko recebeu contribuições ilegais da Odebrecht e de outras fontes para financiar suas campanhas eleitorais de 2011 e 2016, nas quais ficou perto de conquistar a Presidência do Peru. Além da acusação inicial de lavagem de dinheiro, Pérez acrescentou denúncias de obstrução de Justiça, associação ilícita, falsidade genérica, fraude processual e organização criminosa.
O escândalo de pagamentos ilegais a políticos da construtora brasileira Odebrecht atingiu quatro ex-presidentes: Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016), Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), além de Alan García (1985-1990, 2006-2011). O último cometeu suicídio quando a polícia chegou à casa dele para prendê-lo.
Fim da hegemonia
No domingo, os peruanos definiram nas urnas um novo e fragmentado Congresso, cujo controle passou do fujimorismo para forças que estariam dispostas a negociar com o presidente Martín Vizcarra. As eleições foram convocadas pelo governo em 30 de setembro, quando Vizcarra fechou o Legislativo, com o qual mantinha confrontos por suas ações contra a corrupção.
Na Lima metropolitana, que elege quase um terço dos membros do Congresso unicameral (36 de 130), a apuração foi liderada pelo Partido Morado, que declara ser de centro-centro, seguido do Podemos Peru, legenda liderada por um general da reserva antifujimorista de direita, e pelo Ação Popular. “Pedimos ao novo Congresso que respeite a luta contra a corrupção”, demandou o procurador José Domingo Pérez.
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