Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 04:06
No dia seguinte ao anúncio do “Acordo do Século” para o Oriente Médio, o presidente Donald Trump intensificou os ataques ao ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton. Manuscritos do livro do ex-assessor podem complicar os pedidos do republicano para receber a absolvição no processo de impeachment que enfrenta no Senado, sem convocação de novas testemunhas.
Em postagem no Twitter durante a madrugada, Trump voltou a atacar Bolton, demitido por ele em setembro, afirmando que o ex-conselheiro lhe “implorou” para ter este trabalho, mas que cometeu “muitos erros de julgamento”. “Foi demitido porque, francamente, se eu o escutasse, já estaríamos na Sexta Guerra Mundial, e sai e imediatamente escreve um livro desagradável e falso. Tudo confidencial de Segurança Nacional”, tuitou o presidente, minimizando o que Bolton tem para contar.
Pouco depois, a Casa Branca anunciou que o ex-assessor de Segurança Nacional não pode publicar o livro que escreveu, chamado The Room Where it Happened (“O recinto onde ocorreu”, em tradução livre), como foi apresentado, pois ele contém informações restritas. Em carta dirigida ao advogado de Bolton, o Conselho Nacional de Segurança (NSC) informou que a proibição se deu depois de uma revisão preliminar do texto — processo adotado com qualquer funcionário da Casa Branca que escreva um livro —, na qual foi constatado que ele contém “uma quantidade significativa de informação sigilosa”.
“Parte desta informação está no nível da máxima confidencialidade”, disse o NSC. “O manuscrito não pode ser publicado, nem divulgado sem a eliminação desta informação secreta.” O texto de Bolton mina uma das principais linhas de defesa de Trump no julgamento político, depois de ser acusado pela Câmara de abuso de poder e obstrução do Congresso. Ontem, ao fim das alegações da defesa, os advogados do presidente pediram ao Senado que absolva o magnata “o mais rápido possível”.
Os democratas dizem que Trump reteve a ajuda militar à Ucrânia, em julho, para pressionar o presidente, Volodymyr Zelensky, a investigar Joe Biden — seu possível adversário nas eleições presidenciais. A divulgação de trechos do livro na noite de domingo, pelo The New York Times, teve o efeito de uma bomba. Numa das partes, Bolton relata que compartilhou com o secretário de Justiça, Bill Barr, sua preocupação de que Trump estava concedendo favores a líderes autoritários.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.