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É chegada a hora da partida

Por ampla maioria de votos (621), o Parlamento Europeu ratifica o acordo do Brexit, a última formalidade exigida para a saída, amanhã, dos britânicos do bloco continental. Terá início, então, um período de transição que se estenderá até o fim do ano

Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 04:06
Por ampla maioria de votos (621), o Parlamento Europeu ratifica o acordo do Brexit, a última formalidade exigida para a saída, amanhã, dos britânicos do bloco continental. Terá início, então, um período de transição que se estenderá até o fim do ano
"É a data mais importante desde que Henrique VIII nos tirou da Igreja de Roma. Vamos sair do Tratado de Roma”
Nigel Farage, líder do Partido do Brexit



Tudo pronto para a saída, amanhã, do Reino Unido da União Europeia. Após um debate marcado pela emoção, o Parlamento Europeu ratificou, ontem, o acordo celebrado entre Londres e Bruxelas, a última formalidade necessária para o “divórcio”. Por 621 votos a favor, 49 contra e 13 abstenções, os eurodeputados validaram os termos do Brexit.

“Somente na agonia da separação olhamos para a profundidade do amor”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que citou o poeta britânico George Eliot. “Sempre te amaremos e nunca estaremos longe”, acrescentou.

No momento em que o respaldo já era dado como certo, o protagonismo da sessão ficou com os deputados britânicos, que se despediam da tribuna europeia,  em especial para Nigel Farage, líder do Partido do Brexit e histórico opositor da UE no hemiciclo. Para ele, o evento marcou “um ponto sem retorno”. Ele acredita que países como Dinamarca, Itália ou Polônia seguirão os passos do Reino Unido.

Satisfeito por ter interpretado “o vilão” durante o processo de divórcio britânico do bloco europeu, Farage alimentou a oposição à UE com vídeos no YouTube e intervenções teatrais. Ele comparou o momento à a ruptura do Reino Unido com o catolicismo, em 1534.    “É a data mais importante desde que Henrique VIII nos tirou da Igreja de Roma. Vamos sair do Tratado de Roma”, declarou Farage.

Em contraste à celebração de Farage, a líder dos social-democratas (S&D) no hemiciclo, a espanhola Iratxe Garcia, foi às lágrimas ao se despedir de seus colegas britânicos. “É um dia triste para o nosso Parlamento”, lamentou David Sassoli, presidente da instituição durante a pequena cerimônia organizada por seu partido. “Em um dia como este, devemos nos unir ainda mais”, ressaltou.

Discrição
Ao contrário dos partidários do Brexit, que celebraram com entusiasmo o fim do processo, as instituições europeias mantiveram a discrição. A assinatura oficial do acordo, na sexta-feira passada, pelos presidentes da Comissão e do Conselho Europeus aconteceu de madrugada e sem jornalistas.

A Eurocâmara parece seguir a mesma linha. Seu presidente convocou uma cerimônia curta após a votação. A retirada das bandeiras britânicas das instituições europeias não terá uma cerimônia oficial.

“Isso será feito com toda a dignidade necessária”, afirmou, no entanto, uma porta-voz do Parlamento Europeu, ao informar que um exemplar da Union Jack, a bandeira do Reino Unido, será conservado na Casa da História Europeia de Bruxelas.

Na verdade, a formalização do divórcio, amanhã, dá início a um novo capítulo na novela do Brexit, com a abertura de um período de negociações igualmente difícil: o de transição, que deve se estender até o fim de dezembro. Nessa fase, o Reino Unido continuará a aplicar as regras comunitárias; a UE e Londres terão que definir seu futuro relacionamento.

Michel Barnier, negociador do bloco europeu, apresentou, ontem mesmo, o projeto de mandato de negociação à Comissão Europeia. O documento, porém, não será tornado público até segunda-feira, quando o Reino Unido se tornar um país terceiro. “O dia da partida britânica certamente não é de comemoração, mas de tristeza”, comentou o comissário europeu Maros Sefcovic em entrevista coletiva. “Mas, agora, passamos ao próximo capítulo.”









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