Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 13:38
Os partidos políticos iraquianos conduzem, nesta quinta-feira (30/1), negociações "tensas" para encontrar um sucessor para o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, que renunciou, sob a ameaça de o cargo ser decidido diretamente pelo presidente Barham Saleh.
Na quarta-feira, Saleh concedeu ao Parlamento o prazo de até 1º de fevereiro para a nomeação de um novo primeiro-ministro e alertou que, após esse período, ele designaria para o cargo "a pessoa que considerar mais aceitável" para o país.
O Iraque vive desde outubro do ano passado um movimento de protesto hostil ao governo sem precedentes.
"O presidente Barham Saleh está se reunindo com os vários blocos políticos para encontrar o candidato do compromisso", disse à AFP uma fonte do gabinete presidencial.
Essas discussões são "tensas", afirmou uma autoridade política. Os grupos políticos "estão divididos sobre os nomes de políticos antigos que circulam nos últimos meses e agora estão propondo novos nomes", disse ele.
Entre os possíveis sucessores de Abdel Mahdi, circulam os nomes de um conselheiro do presidente, de um chefe dos serviços de Inteligência, de políticos e até de altos funcionários do governo.
Abdel Mahdi renunciou em dezembro, dois meses após o início do movimento de protesto, que exige reformas políticas de longo alcance e o fim da corrupção. Ele continua administrando os assuntos correntes, porém, por falta de um sucessor.
Se o impasse político persiste, assegura um alto funcionário do governo, é devido à ausência do poderoso general iraniano Qassem Soleimani e do comandante Abu Mehdi al-Muhandis, número dois da Hashd al-Shaabi, uma coalizão paramilitar dominada por facções pró-Irã.
Mortos em 3 de janeiro em um ataque com drone americano em Bagdá, ambos desempenhavam um papel importante nas negociações entre os grupos políticos.
"É hora de restaurar a confiança, deixando de lado as posições partidárias e agindo no interesse do país e de seu povo", pediu a representante especial para o Iraque e chefe da missão das Nações Unidas para o Iraque (MANUI), Jeanine Hennis-Plasschaert.
"O Iraque não pode se dar ao luxo de continuar com essa repressão brutal e essa paralisia política e econômica", afirmou ela em comunicado.
Desde que os protestos começaram em outubro, quase 480 pessoas, a grande maioria delas manifestantes, foram mortas, segundo uma contagem da AFP.
Os manifestantes pedem eleições antecipadas, um sucessor independente para o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi e que os envolvidos em atos recentes de violência sejam julgados.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.