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Evo decide se candidatar

Mesmo com prisão decretada pela Justiça boliviana, por acusações de terrorismo e sedição, o ex-presidente pretende disputar uma cadeira no Congresso, em maio. Governo transitório adverte que, se ele entrar no país, será imediatamente detido

Correio Braziliense
postado em 31/01/2020 04:15
Morales participa de ato político em Buenos Aires, onde chegou como refugiado no fim do ano passado

Embora acusado por crimes de sedição e terrorismo em seu país, o ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que renunciou em novembro passado após um mandato de quase 14 anos, quer, agora, tentar uma cadeira no Congresso. Com prisão preventiva decretada, o político, refugiado em Buenos Aires, autorizou seu defensor, o advogado Wilfredo Chávez, a registrá-lo nas eleições de 3 de maio.

A reação do governo transitório não tardou. O  vice-ministro do Interior, Daniel Humérez, alertou que, se Morales “pisar no território boliviano, imediatamente (...) será feita sua prisão”. O ex-presidente é alvo de vários processos. Pesa contra ele também a acusação de ter causado prejuízos econômicos ao Estado.

A candidatura de Morales foi anunciada por meio de um comunicado de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS). A nota informa que ele  “aceitou o pedido da Diretoria Departamental (de Cochabamba)” da legenda e que autorizou Chávez a “fazer uso de qualquer faculdade necessária” para sua inscrição.

O ex-porta-voz da Corte Eleitoral Gonzalo Lema considerou que Morales “não tem impedimento legal” para concorrer porque “não tem sentença executória” perante o tribunal. A jurista Silvia Salame, ex-magistrada do Tribunal Eleitoral, concordou com Lema em declarações à rádio Panamericana. Ela destacou que uma cadeira no Congresso não concederia imunidade a Morales nos processos que enfrenta. A figura de imunidade parlamentar foi eliminada na Constituição de 2009, promulgada pelo próprio Morales.

O analista Carlos Borth lembrou, no entanto, o que poderia ser um empecilho. Ocorre que a Constituição “exige que (os candidatos) residam nos últimos dois anos no círculo eleitoral que estão concorrendo a qualquer cargo de presidente, vice-presidente, senador, deputado, e sua violação é motivo de desqualificação”.

A Bolívia renovará em maio, além de presidente e vice-presidente, seus 36 senadores e 130 deputados. Evo Morales está impedido de participar das próximas eleições como candidato à Presidência, após anular as eleições em outubro passado devido a “irregularidades” detectadas por uma missão da OEA e nas quais foi declarado vencedor no primeiro turno.

O poder de Morales sobre o eleitorado, porém, aparentemente, não se esvaiu. Seu herdeiro político, o economista Luis Arce, lidera a corrida presidencial, com 26% das intenções de voto. A presidente interina, Jeanine Áñez, tem 12%, segundo as pesquisas.





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