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Começa a corrida para enfrentar Trump

Pré-candidatos democratas dão a largada em Iowa, cada um tentando convencer o eleitorado de ser o melhor para derrotar o presidente nas eleições de novembro. O pequeno estado de maioria rural é crucial para o desempenho dos políticos nas etapas seguintes

Correio Braziliense
postado em 03/02/2020 04:34
Políticos de oposição ao governo norte-americano participam de debate na Geórgia, em novembro do ano passado: comícios intensificados na acirrada briga pela indicação


Em uma semana na qual o presidente Donald Trump deve ser absolvido no processo de impeachment, deixando-o livre para concorrer à reeleição (leia mais nesta página), os pré-candidatos do Partido Democrata começam, em Iowa, a disputa pela indicação do nome que enfrentará o atual mandatário, em 3 novembro. Os favoritos tentam convencer os eleitores do estado, cada um se mostrando o mais forte para fazer o que o Senado não fará: tirar Trump da Casa Branca.

Nas últimas horas antes do início das primárias, os pré-candidatos intensificaram os comícios. Bernie Sanders, o favorito no estado, atraiu o maior número de simpatizantes. O esquerdista, de 78 anos, tem grande apoio entre os jovens e mantém a liderança nas pesquisas nesse estado rural, de população pequena, mas muito influente.

O senador está à frente do ex-vice-presidente centrista Joe Biden, do ex-prefeito moderado Pete Buttigieg e da senadora progressista Elizabeth Warren. No sábado à noite, Sanders atraiu 3 mil pessoas na cidade de Cedar Rapids.

O entusiasmo dos seguidores de Sanders chama a atenção, levando em consideração que o julgamento político de Trump obrigou o senador a permanecer em Washington durante quase as duas últimas semanas de campanha em Iowa, estado onde a vitória costuma ser definida na busca por votos porta a porta.

Como ele, outras duas figuras importantes do partido tiveram que acompanhar o julgamento do presidente no Congresso: as senadoras Warren e Amy Klobuchar, uma moderada que aparece em quinto lugar nas pesquisas em Iowa.

Em resposta aos que o consideram muito radical para unir os democratas, Sanders se apresentou como o candidato com mais possibilidades de vencer Trump porque consegue atrair “milhões pessoas que não costumam votar”. Elizabeth Warren, que compartilha com o senador a ala mais à esquerda do partido, pediu no sábado “união para derrotar Trump” durante um encontro com 900 pessoas em Iowa City. “É hora de ter uma mulher na Casa Branca”, afirmou na cidade considerada progressista, onde influentes políticos locais preferem seu nome ao do colega de partido.

Bloomberg

Apesar dos apelos por união, a senadora não hesitou em criticar o bilionário Michael Bloomberg. O ex-prefeito de Nova York entrou tarde na campanha e decidiu não viajar a nenhum dos quatro primeiros estados que votarão nas primárias, mas participará em breve, pela primeira vez, de um debate do Partido Democrata.

“Vivemos hoje nos Estados Unidos, onde um bilionário pode decidir não comparecer aos quatro primeiros estados, mas pode comprar um lugar no espaço do debate”, criticou. Os seguidores de Sanders também vaiaram Bloomberg no sábado em um comício.

Ter a capacidade de vencer Trump em novembro também é o principal argumento do ex-vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden. “Precisamos de um presidente preparado desde o primeiro dia”, repete o veterano da política, que lidera as pesquisas em nível nacional. Assim como ele, Buttigieg multiplicou os eventos de campanha nos últimos dias, enquanto os rivais acompanhavam o julgamento do presidente. Ex-soldado e primeiro candidato gay com possibilidades de ganhar a indicação democrata, o jovem destaca a pouca idade ante os demais e insinua que Sanders divide muito o eleitorado.

O estado de Iowa é considerado crucial nas primárias, por ser o primeiro a organizar a votação. Um bom resultado pode estimular um pré-candidato a novas vitórias nos estados que, em seguida, escolherão o candidato, começando por New Hampshire, que comparece às urnas oito dias depois. Um fracasso pode representar o fim da disputa.

» Na disputa
Às vésperas das primárias, não há um claro favorito entre os 12 candidatos que pretendem concorrer com Donald Trump à disputa pela Presidência. Esses são os principais nomes que se enfrentarão em Iowa, que marca o início da indicação democrata:

Bernie Sanders
Senador por Vermont
78 anos
Apoio nas pesquisas em Iowa: 25%
Ele tem repensado a revolução política com a qual quase levou a indicação democrata em 2016. No processo, conduziu o Partido Democrata mais para a esquerda ao propor políticas liberais. O senador, que se considera um socialista democrático, passou boa parte das últimas semanas sem sair de Washington, devido ao julgamento político contra Trump. Apesar disso, sua base de apoio o ajudou a subir nas pesquisas desde 20 de janeiro, e hoje ele é o líder das pesquisas em Iowa.

Joe Biden
Foi vice-presidente de Barack Obama
77 anos
Apoio nas pesquisas em Iowa: 22%
O experiente político tentou por duas vezes a Casa Branca e é o favorito das pesquisas nacionais desde 2019, embora sua vantagem tenha diminuído. Biden passou três décadas no Senado e era o braço direito do ex-presidente Barack Obama. O moderado estadista do partido assegura que é o melhor para vencer Trump e reafirmar o poder dos Estados Unidos no cenário mundial.

Pete Buttigieg
Ex-prefeito de South Bend,  em Indiana
38 anos
Apoio em pesquisas em Iowa: 17%
Esse millennial fez uma carreira que chamou a atenção em busca da indicação. Desconhecido nacionalmente há um ano, o apoio a ele cresceu à medida que cidadãos de Iowa e outras regiões acolheram sua mensagem articulada, pragmática e unificadora. O veterano do Exército é a primeira pessoa abertamente gay com possibilidade de conseguir a indicação.

Elizabeth Warren
Senadora de Massachusetts
70 anos
Apoio nas pesquisas em Iowa: 13,5%
Ao lado de Sanders, é outra candidata mais à esquerda da corrida pela indicação. Warren, uma professora de direito de Harvard que entrou na vida política como defensora dos direitos do consumidor, afirma que a administração Trump trabalha para beneficiar corporações às custas da classe trabalhadora. Uma de suas propostas é o imposto de 2% para os mais ricos.

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