Correio Braziliense
postado em 04/02/2020 04:08
O presidente do Peru, Martín Vizcarra, iniciou ontem o diálogo com as novas bancadas do Congresso em busca de apoio para seu projeto de combate à corrupção no país. Agora, sem a predominância do fujimorismo no Legislativo, o grande derrotado nas eleições antecipadas realizadas no fim do mês passado, ele investe na adesão às suas propostas de reformas políticas e judiciais.
Os projetos enfrentaram resistência dos fujimoristas. Sem partido político, Vizcarra tenta atrair os novos parlamentares, que assumirão seus mandatos em março. “Foi uma reunião muito importante, conversamos sobre as reformas pendentes. Há uma sinalização de compromisso do Alianza para el Progreso (partido peruano de centro-direita) para apoiar as reformas políticas e judiciais”, disse o presidente, após o primeiro encontro com o líder da legenda, César Acuña.
O analista político Fernando Tuesta ressaltou a importância de se conhecer o pensamento que predominará no fragmentado Congresso, antes que ele seja instalado. Nenhum partido recebeu mais de 10% dos votos. Os mais votados foram uma agremiação de centro-direita aberta ao diálogo e uma evangélica fundamentalista. “As propostas (presidenciais) devem estar claras e devemos saber as propostas das novas bancadas”, disse Tuesta à agência de notícias France Presse (AFP).
Ofensiva
Vizcarra começou a cruzada contra a corrupção em 2018, poucos meses depois de assumir o poder no lugar do presidente Pedro Pablo Kuczynski, que havia sido forçado a renunciar por causa do fujimorismo. Quatro ex-presidentes, entre eles Kuczynski, estão envolvidos num escândalo de pagamentos ilegais a políticos relacionado à Odebrecht.
Como parte dessa ofensiva, em 30 de setembro do ano passado, Vizcarra dissolveu o Congresso e convocou novas eleições legislativas. Os fujimoristas sofreram uma drástica redução de bancada. Oito dos nove partidos que obtiveram representantes no Congresso aceitaram participar das reuniões com o presidente, cujo mandato terminará em julho de 2021.
O único a rejeitar a proposta de diálogo foi o partido nacionalista Unión por el Perú, liderado por Virgilio Acuña. “Não vamos conversar com o presidente até assumirmos o nosso lugar no Congresso e apresentarmos nossas prioridades. Depois disso conversaremos”, declarou.
Vizcarra defende que os peruanos fizeram nas urnas uma aposta no diálogo. “Nossa vontade é de dialogar com todas as forças políticas. Apesar das diferenças ideológicas, ninguém pode se manter à margem do diálogo”, ressaltou.
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