Correio Braziliense
postado em 04/02/2020 04:08
A China dá sinais de que começa a ficar sobrecarregada no combate à epidemia do novo coronavírus. Ontem, o governo de Xi Jinping pediu ajuda emergencial de fornecimento de equipamentos de segurança contra o micro-organismo. “O que a China precisa urgentemente é de máscaras, trajes e óculos de proteção”, declarou Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Dados oficiais mostram que o número de mortos no país superou 361, excedendo o saldo da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), verificada entre 2002 e 2003.
Segundo Hua Chunying, vários países, incluindo França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, enviaram material médico para a China, que começa a sair da paralisação em que mergulhou pelo medo do vírus, que, até a noite de ontem, havia contaminado mais de 17 mil pessoas. Após o longo feriado do ano-novo lunar, encerrado no domingo, depois de ser prorrogado, as fábricas retomaram a produção, trabalhando, porém, com 70% da capacidade.
Entre domingo e segunda-feira, as autoridades de saúde chinesas registraram 57 mortes, o pior saldo diário desde que o novo coronavírus foi detectado em dezembro em Wuhan, capital da província de Hubei. Na cidade de 11 milhões de habitantes, os centros médicos estão lotados. Ontem, foi inaugurado um hospital construído em um tempo recorde de 10 dias, com capacidade para mil pacientes. Um maior, com 1.600 leitos, está em construção.
Vacina
Em meio à disseminação do vírus, que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar emergência internacional na semana passada, cientistas de vários países investem na busca de um tratamento eficaz. Vinte e quatro países confirmaram casos da doença. Ontem, o governo britânico anunciou que dará um auxílio financeiro para o desenvolvimento de uma vacina.
A ajuda será repassada por meio de um organismo público-privado, a Coalizão para a Inovação na Preparação contra Epidemias (Cepi), que contará com a ajuda do gigante farmacêutico britânico GlaxoSmithKline (GSK).
A Cepi é um grupo de pesquisa sob o amparo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que inclui órgãos públicos, como o Instituto Pasteur francês, e empresas privadas, como Takeda ou Sanofi. Foi criada em 2017 para combater epidemias como a do ebola na África.
Em um comunicado, o ministério britânico da Saúde anunciou um repasse de 20 milhões de libras (US$ 26 milhões) para o desenvolvimento de novas vacinas contra as doenças mais letais, das quais o 2019-nCoV faz parte. Os testes clínicos podem acontecer em alguns meses.
“É um calendário extremamente ambicioso e não terá precedentes no campo do desenvolvimento de uma vacina. É importante lembrar que, se conseguirmos — e não existem garantias —, teremos que enfrentar novos desafios antes de a vacina estar disponível em grande escala”, advertiu o diretor-geral da Cepi, Richard Hatchett, citado no comunicado do ministério britânico.
Por sua vez, o laboratório britânico GSK, um expoente da indústria farmacêutica mundial, informou, em outra nota, que contribuirá com sua tecnologia de fabricação de adjuvantes — tratam-se de substâncias utilizadas para aumentar a eficácia das vacinas, aumentando a resposta imunológica. Com isso, é possível fabricar um número maior de doses.
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Total de países que confirmaram casos de contaminação pelo 2019-nCoV
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