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Europa critica "acordo do século"

Chefe de política externa alerta que União Europeia não reconhece soberania israelense sobre áreas ocupadas

Correio Braziliense
postado em 05/02/2020 04:25
Palestino usa escada para fixar bandeira no alto do muro que separa a Cisjordânia de Israel, no vilarejo de Bílin

 

A União Europeia (UE) fez críticas ao chamado “acordo do século” — o plano de paz dos Estados Unidos para resolver o conflito entre israelenses e palestinos — e expressou preocupação com a “perspectiva de anexação do Vale do Jordão e de outras partes da Cisjordânia”, provocando rejeição de Israel. “Nos preocupam especialmente as declarações sobre a perspectiva de anexação do Vale do Jordão e de outras partes da Cisjordânia”, afirmou o chefe de política externa do bloco, Josep Borrell. Segundo ele, “em conformidade com o direito internacional, a UE não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde 1967”. “As etapas para a anexação, se forem aplicadas, não podem passar sem questionamento”, acrescentou.

 

As declarações foram respondidas com uma crítica do Ministério das Relações Exteriores israelense, que acusou Borrell de adotar uma “linguagem ameaçadora contra Israel, logo após sua chegada ao cargo e algumas horas depois de suas reuniões no Irã”. “Continuar assim é a melhor maneira de garantir que o papel da UE em todo o processo seja minimizado”, sugeriu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat.

 

Em 28 de janeiro passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou seu plano para solucionar o conflito no Oriente Médio, favorável a Israel, abrindo caminho para anexação do Cale do Jordão e de mais de 130 assentamentos na Cisjordânia ocupada. Washington também considera que Jerusalém é a capital “indivisível” de Israel e propõe estabelecer Abu Dis, um bairro da Cidade Santa, como a capital de um possível Estado Palestino.

 

Amanhã, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) debaterá o plano de Trump, a portas fechadas, às vésperas do desembarque do presidente palestino, Mahmud Abbas, que descarta aderir ao acordo e exige a aplicação do direito internacional. A posição da UE, a visão internacional mais difundida, é em defesa da criação de dois Estados baseados nas fronteiras de 1967, cujas capitais estariam em Jerusalém.

 

Nações Unidas

 

Em uma declaração taxativa, o secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou que é um “guardião” do direito internacional no conflito palestino-israelense. “Somos os guardiões das resoluções da ONU e do direito internacional”, disse o português. “Estamos totalmente comprometidos com uma solução de dois Estados (...) baseada no direito internacional, nas resoluções do Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU e nas fronteiras de 1967”, acrescentou. No entanto, o plano de Trump, supervisionado por Jared Kushner, genro e consultor do presidente, está longe das resoluções adotadas pelas Nações Unidas.

Os palestinos confirmaram formalmente, por meio da Tunísia e da Indonésia, dois membros não permanentes do Conselho de Segurança, seu pedido de uma reunião do Conselho para terça-feira, 11 de fevereiro, com Abbas, quando pretendem manifestar rejeição ao plano americano, disseram fontes diplomáticas. A intenção dos palestinos é aproveitar a reunião para apresentar um projeto de resolução, ainda que sob risco de veto dos EUA. 

 

 

 

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