Correio Braziliense
postado em 05/02/2020 04:25
A despeito do avanço do novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não considera, no momento, que o surto de pneumonia viral constitua uma pandemia. “Atualmente, não estamos nessa situação. Estamos em uma fase de epidemia com múltiplos focos”, afirmou Sylvie Briand, diretora do departamento de Preparação Mundial para Riscos Infecciosos da agência das Nações Unidas. Enquanto isso, o diretor-geral da organização pediu uma maior solidariedade internacional no combate à propagação do vírus.
Tedros Adhanom Ghebreyesus acusou os países ricos de demora na divulgação de informações sobre os casos de contaminação. “Dos 176 casos relatados até agora fora da China, a OMS recebeu formulários completos de notificação para apenas 38% dos casos. Alguns países de alta renda estão muito atrasados em compartilhar esses dados vitais com a OMS. Não acredito que seja devido à falta de capacidade”, reclamou, perante o conselho executivo da agência.
Ontem, o governo chinês adotou novas medidas de isolamento em regiões próximas a Xangai, com o objetivo de impedir que o surto chega ao coração econômico do país. A quarentena afeta quase 12 milhões de moradores da cidade de Taizhou, em três distritos da localidade de Hangzhou e em outros três em Ningbo, todas na província de Zhejiangen, leste da China. Uma das cidades fica a apenas 175km da metrópole, a mais populosa da China e sede da gigante do comércio on-line Alibaba.
As autoridades de Zhejiangen ordenaram que apenas uma pessoa por casa deve sair a cada dois dias para comprar produtos de primeira necessidade. Até a noite de ontem, haviam sido confirmados na cidade 829 casos, o maior número fora da província central de Hubei, cuja capital, Wuhan, é o epicentro do surto.
“Cura”
Também foi informada a segunda morte fora da China continental, onde o número de óbitos se aproximava de 500 no fim do dia. O registro se deu em Hong Kong. O homem, de 39 anos, havia viajado em dezembro a Wuhan. Ao mesmo tempo, autoridades de saúde da Tailândia, onde há 14 casos confirmados. comemoravam o que pode ser a “cura” de um doente: na véspera, um chinês, de 71 anos, deu negativo para o coronavírus 48 horas após receber três medicamentos, contra a Aids e gripe. Os médicos advertiram, porém, que os remédios devem ser administrados sob supervisão, em razão de efeitos colaterais, ou de reação com tratamentos anteriores.
Em busca de terapias eficazes, os Estados Unidos estão trabalhando com uma companhia farmacêutica, utilizando um tipo de droga que aumentou as taxas de sobrevivência entre os pacientes com ebola. A cooperação entre o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e a Regeneron Pharmaceuticals desenvolverá anticorpos monoclonais para combater a infecção, uma linha de tratamento diferente dos antirretrovirais e medicamentos contra a gripe que também surgiram como possíveis defesas contra a doença. “As doenças infecciosas emergentes podem apresentar ameaças sérias à segurança da saúde de nossa nação”, disse Rick Bright, funcionário do HHS.
Até o momento, o novo coronavírus foi registrado em mais de 24 países e vários governos adotaram restrições de viagens. Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Israel, entre outros, proibiram a visita de estrangeiros que estiveram recentemente na China e advertiram seus cidadãos a evitar viagens ao território chinês.
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