Correio Braziliense
postado em 07/02/2020 12:25
O papa Francisco divulgará no dia 12 de fevereiro a exortação apostólica “Querida Amazônia”, texto oficial de seu pontificado no qual reúne os pedidos dos bispos dessa imensa região sul-americana, informou o Vaticano nesta sexta-feira.
O pontífice argentino deve se pronunciar, entre outras coisas, sobre a controversa proposta de autorizar a ordenação sacerdotal dos chamados “viri probati”, homens casados com uma vida impecável, muitos deles indígenas, para fazer frente à escassez de sacerdotes na região.
O documento papal será apresentado à imprensa pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, pelo cardeal Michael Czerny, subsecretário da seção de Migrantes e Refugiados do dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, que foi o secretário especial do sínodo da Amazônia.
Também haverá o jesuíta Adelson Araújo dos Santos, professor de Espiritualidade da Pontifícia Universidade Gregoriana e a irmã Augusta de Oliveira, vigária geral das Servas de Maria Reparadoras.
Foram convidados também Carlos Nobre, Prêmio Nobel da Paz de 2007 e, através de videochamada participará o bispo peruano David Martínez de Aguirre, de Puerto Maldonado.
No total, 184 bispos, a maioria latino-americanos, reunidos em outubro passado no Vaticano para o sínodo sobre a Amazônia, aprovaram um documento pedindo a introdução do “pecado ecológico”, bem como a possibilidade de ordenar sacerdotes casados e contar com mulheres diáconos, questões que são tabu para católicos conservadores.
Considerado um dos pontos mais controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação de homens que tenham uma família constituída e estável com a autorização para celebrar os sacramentos em áreas remotas da Amazônia, poderia desencadear um cisma com os defensores do celibato.
O debate foi alimentado no início do ano com a publicação de alguns trechos do livro intitulado “Das profundezas de nossos corações”, assinado inicialmente pelo papa emérito Bento XVI e pelo cardeal ultraconservador Robert Sarah, no qual defendem fervorosamente o celibato.
“Não podemos nos calar”, argumentaram os dois autores diante da possibilidade de que Francisco aprove a ordenação de homens casados.
Devido às controvérsias, o papa emérito retirou sua assinatura do livro. Seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein, que também atuou como prefeito da Casa Pontifícia sob Francisco, teve “suas funções reduzidas” e “recebeu uma permissão para que se dedique mais tempo a Bento XVI”, uma sanção elegante de sorte.
Várias versões da exortação vazaram para a imprensa, entretanto nenhuma é confiável. Deve-se esperar o texto oficial que será distribuído na quarta-feira, 12 de fevereiro.
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