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Massacre no shopping

Soldado mata três em base militar; rouba armas e munição; invade centro comercial e executa pelo menos 18 pessoas. Durante a ação, assassino gravou vídeos e publicou mensagens nas redes sociais. Dos 31 feridos, 10 se encontram em estado grave

Correio Braziliense
postado em 09/02/2020 04:06
Agente das forças especiais de segurança escolta clientes resgatados de shopping
 
A frase foi publicada em seu perfil no Facebook por Jakrapanth Thomma, 32 anos, soldado do 22 º Batalhão de Munições: “A morte é inevitável para todos”. Pouco depois, na base militar de Suatham Phithak, em Nakhon Ratchasima (nordeste da Tailândia, a 250km de Bancoc), ele assassinou o oficial Anantharot Krasae, ao qual estava subordinado; uma mulher de 62 anos, sogra de Krasae; e outro soldado. Roubou um jipe militar Humvee, além de armas — incluindo uma metralhadora — e de munição. No caminho até o shopping center Terminal 21, disparou contra pedestres, motoristas e motociclistas e tornou a publicar na rede social. “É hora de ficar excitado; ninguém pode evitar a morte”, escreveu, junto a uma foto de uma pistola com três conjuntos de balas.

Dentro do shopping, Jakrapanth iniciou uma matança, por volta das 18h (8h de ontem em Brasília), duas horas e meia após o crime no quartel. Executou pelo menos 18 pessoas, feriu 31 e se amotinou no quarto andar por mais de 12 horas. Entre os mortos, há um policial das forças especiais, baleado no estacionamento. Dez pessoas foram hospitalizadas em estado grave. Em determinado momento, o militar fez um vídeo ao vivo no qual aparecia diante de labaredas ao lado do estabelecimento comercial. Segundo autoridades, um botijão de gás explodiu ao ser atingido pelos tiros. Por  volta das 23h30 (13h30 em Brasília), as forças de segurança conseguiram controlar a garagem e os três primeiros pavimentos do shopping, resgatando centenas de pessoas. Até o fechamento desta edição, Jakrapanth seguia entrincheirado no prédio, e as motivações da carnificina eram desconhecidas.





Testemunhas

Cerca de um minuto antes de o atirador invadir o Terminal 21, Songyost Suwanachim, 40 anos, deixou o prédio. “Saí pelo supermercado BigC. Eu me sinto sortudo por estar a salvo. Tudo foi muito rápido e caótico. O shopping estava lotado, pois é feriado na Tailândia, e a avenida em frente ficou congestionada”, contou, durante conversa  com o Correio, na qual ele enviou três vídeos. Em dois deles, pessoas correm, desesperadas, para a parte externa do shopping, em direção a um estacionamento coberto.

A dona de casa Natthaphan Niam, 30 anos, almoçou com o marido e o filho no Terminal 21. “Quando saímos do shopping, o nosso carro parou no sinal vermelho, bem em frente ao prédio. Ao escutarmos o primeiro tiro, pensamos que se tratava do estouro de um pneu. No entanto, vimos um motociclista baleado e deitado, no estacionamento. Então, ouvimos muitos disparos, um barulho muito alto”, relatou ao Correio. Tudo foi registrado em vídeo por Natthaphan, que aparece, nervosa, gritando com o marido para que saíssem dali. “Ficamos muito assustados, com medo de sermos atingidos. Felizmente, deixamos o Terminal 21 cerca de 5 a 10 minutos antes da entrada do criminoso. Foi amedrontador.”

Um vídeo das câmeras de segurança do shopping mostra Jakrapanth caminhando tranquilamente pelos corredores empunhando uma metralhadora. “Deveria eu desistir?”; “Oh, m... Tenho cãibras em minha mão”; e “Por serem ricos de tirarem vantagem dos outros, eles acham que podem usar seu dinheiro no inferno”, publicou no Facebook, durante o massacre, em alusão às próprias vítimas. Em outro vídeo, gravado dentro do jipe e depois apagado, ele dizia: “Estou cansado (...) estou cansado. Não consigo nem apertar com o dedo”, enquanto fazia gestos com o dedo, como se apertasse um gatilho.

O premiê da Tailândia, Prayut Chan-o-cha, acompanhou o desenrolar da tragédia e deu ordens às equipes de segurança. “Instruí todos os departamentos do governo a desempenharem suas funções ao máximo. A coisa mais importante agora é a segurança de nossos cidadãos e funcionários. Gostaria de estender minhas condolências às famílias dos mortos e aos feridos”, escreveu no Twitter. “Quero ver a cooperação em todas as partes. Por favor, façam o melhor”, insistiu.



“Ao escutarmos o primeiro tiro, pensamos que se tratava do estouro de um pneu”
Natthaphan Niam, 30 anos



“Eu me sinto sortudo por estar a salvo. Tudo foi muito rápido e caótico”
Songyost Suwanachim, 40 anos
 
 
 
 

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