O massacre cometido por um soldado no noroeste da Tailândia deixou 29 mortos, anunciaram neste domingo (9/2) as autoridades de Nakhon Ratchasima (nordeste da Tailândia, a 250km de Bangcoc), que alegaram “razões pessoais” para o crime “sem precedentes” no país. Depois de uma madrugada inteira pontuada por tiroteios e por imagens de uma multidão fugindo do shopping, palco de uma verdadeira carnificina, as tropas de elite abateram o agressor no início da manhã deste domingo (9/2), encerrando uma ação sangrenta de 17 horas.
Relato:
Jon Fielding, 32 anos, professor de inglês, mora em Nakhon Ratchasima (nordeste da Tailândia) desde 2017. Ele estava no shopping center Terminal 21, quando o soldado Jakrapanth Thomma entrou no local e matou pelo menos 26 pessoas, após executar outras três no quartel. Ele deu este depoimento exclusivo ao Correio e enviou o vídeo que fez durante o resgate no shopping:
"Eu estava com um amigo no shopping center Terminal 21, no último sábado. Nós tínhamos acabado de subir ao ambiente panorâmico (sky deck) para dar uma olhada na cidade, do alto, e estávamos descendo até a saída. Eu soube que algo estava errado porque todo mundo que estava na frente do shopping começou a correr, a gritar e a se esconder. Eu não sabia o que tinha ocorrido, mas minha primeira reação era de que havia um atentado terrorista. Meu amigo e eu nos abaixamos e corremos para nos escondermos atrás de uma pilastra. Todos estavam correndo para as lojas e restaurantes, e usando portas como barricadas. Nós fomos a um restaurante próximo, onde outras pessoas se escondiam, e elas sinalizaram para que nos juntássemos ao grupo. Eu perguntei o que estava acontecendo e uma garota respondeu que se tratava de um atirador.
Eu não vi o atirador. Quando escutamos que ele era um soldado altamente treinado, com armas automáticas e granadas, decidimos nos esconder dentro da cozinha escura de um restaurante. As notícias chegaram depois. Diziam que ele estava no quarto andar com reféns, o mesmo pavimento onde nos escondíamos. Nós ficamos ali por cinco horas. Era uma cozinha minúscula, e havia outras 16 pessoas. Todos seguíamos pelos sites de notícias o que estava ocorrendo e mandávamos mensagens aos familiares. Havia informações controversas. Por várias vezes, recebi mensagens de que o atirador tinha sido baleado e morto. Mas eram apenas fake news.
Ficar escondido por cinco horas naquela cozinha pequena e escuta foi bem estressante. Todos estávamos bem calmos, mas algumas pessoas começaram a chorar. Muitas checavam o Twitter e o Facebook, em busca de atualizações dos fatos. Tentei ficar calmo para estar pronto, caso ele se aproximasse. Ficamos na cozinha, e muitos de nós tínhamos facas e cutelos prontos para serem usados. Depois de poucas horas, as pessoas começaram a usar panelas e tachos para fazer suas necessidades. Também estava muito calor e as pessoas estavam com sede. Eu fiquei com medo, mas tentei afastar pensamentos sobre morte. Eventualmente, escutamos uma voz chamando pelas persianas do restaurante. Era a polícia. De alguma forma, estavam esvaziando o quarto andar. Não sabia se o atirador tinha sido pego ou baleado. Na saída, pude me ver muitos danos causados pelo tiroteio."
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