Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 04:27
Num discurso indignado, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou ontem, perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para o Oriente Médio. O líder palestino disse que o “acordo do século”, como classifica o presidente Donald Trump, é um “queijo suíço Gruyère” e não proporciona soberania ao seu povo.
Exibindo um grande mapa da Palestina com as fronteiras definidas pelos americanos, Abbas ressaltou que não há chance de a proposta prosperar porque “suprime todos os direitos dos palestinos”. “Gostaria de dizer ao senhor Donald Trump que esse plano não pode conseguir a paz e a segurança”, ressaltou, acrescentando: “Não reúne as aspirações de uma solução de dois Estados.”
“Esses são nossos territórios. O que lhes dá o direito de anexá-los?”, perguntou aos israelenses, pedindo à “comunidade internacional que pressione Israel” para evitar essa perspectiva. Falta ao líder palestino, porém, apoio internacional, segundo diplomatas.
Isolamento
Em um sério revés, os palestinos desistiram de submeter ao voto do Conselho uma resolução, porque não reuniriam votos necessários. Também deixaram de buscar apoio na Assembleia Geral, que estaria sendo submetida a fortes pressões dos Estados Unidos para não aprovar o repúdio à sua proposta de paz.
Segundo um diplomata ocidental ouvido pela agência de notícias France Presse (AFP), Washington ameaçou com “medidas retaliatórias”, em particular financeiras, os países que se posicionassem contra o plano de Trump.
O projeto inclui a anexação por Israel dos assentamentos israelenses, bem como do Vale do Jordão, na Cisjordânia, um território palestino ocupado desde 1967, com fronteiras rompendo as linhas traçadas na época. Além disso, propõe a criação de uma capital para um eventual Estado palestino em Abu Dis, subúrbio de Jerusalém. Prevê ainda um Estado palestino desmilitarizado, alterando sua soberania.
Para a embaixadora americana na ONU, Kelly Craft, o plano, que é acompanhado de um investimento de US$ 50 bilhões, “é realista e pode ser posto em prática”. Segundo ela, não se trata de um “pegar ou largar”, mas de uma “oferta inicial”, e chamou israelenses e palestinos ao diálogo.
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